parent nodes: Resumo do Guia das Falácias de Downes


Apelo a motivos


vb. criado em 23/10/2015, 15h57m.


Apelo a motivos (em vez de razões)

Stephen Downes

As falácias desta secção têm em comum o facto de apelarem a emoções ou a outros factores psicológicos. Não avançam razões para apoiar a conclusão.

Apelo à força (argumentum ad baculum)

O auditório é informado das consequências desagradáveis que se seguirão à discordância com o autor.

Exemplos:

É melhor admitires que a nova orientação da empresa é a melhor — se pretendes manter o emprego.

A NAFTA é um erro! E se não votares contra a NAFTA, então "votamos-te" para fora do escritório.

Prova: Identifique a ameaça e a proposição. Argumente que a ameaça não tem relação com a verdade ou a falsidade da proposição.

Referências: Cedarblom e Paulsen: 151; Copi e Cohen: 103.

Apelo à Piedade (argumentum ad misercordiam)

Definição: Pede-se a aprovação do auditório na base do estado lastimoso do Autor.

Exemplos:

Como pode dizer que eu reprovo? Eu estava mais perto da positiva e, além disso, estudei 16 horas por dia.

Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos três meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório.

Prova: Identifique a proposição e o apelo à autoridade e argumente que o estado lastimoso do argumentador nada tem a ver com a verdade da proposição.

Referências: Cedarblom e Paulsen: 151; Copi e Cohen: 103, Davis: 82.

Apelo às consequências (argumentum ad consequentiam)

O argumentador, para "mostrar" que uma crença é falsa, aponta consequências desagradáveis que advirão da sua defesa.

Exemplos:

Não podes aceitar que a teoria da evolução é verdadeira, porque se fosse verdadeira estaríamos ao nível dos macacos.

Deve-se acreditar em Deus, porque de outro modo a vida não teria sentido. (Talvez. Mas também é possível dizer que, como a vida não tem sentido, Deus não existe.)

Prova: Identifique as consequências e argumente que a realidade não tem de se adaptar aos nossos desejos.

Referências: Cedarblom e Paulsen: 100; Davis: 63.

Apelo a Preconceitos

Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição.

Exemplos:

Os portugueses bem intencionados estão de acordo em plebiscitar a pena de morte.
As pessoas razoáveis concordarão com a nossa política fiscal.

O primeiro-ministro tem a veleidade de pensar que as novas taxas de juro ajudarão a diminuir o déficit. (O uso de "tem a veleidade de pensar" sugere sem argumentos que o primeiro ministro está enganado.)

Os burocratas do parlamento resistem às leis de defesa do património. (Compare-se com: "Os parlamentares rejeitaram a proposta de lei de defesa do património.")

Prova: Identifique os termos preconceituosos usados: (p. ex.:. "portugueses bem intencionados" ou "Pessoas razoáveis"). Mostre que discordar da conclusão não é suficiente para dizer que a pessoa é "mal intencionada" ou "pouco razoável".

Referências:

Cedarblom e Paulsen: 153; Davis: 62.

Apelo ao povo (argumentum ad populum)

Com esta falácia sustenta-se que uma proposição é verdadeira por ser aceite como verdadeira por algum sector representativo da população. Esta falácia é, por vezes, chamada "Apelo à emoção" porque os apelos emocionais pretendem atingir, muitas vezes, a população como um todo.

Exemplos:

Se você fosse bela poderia viver como nós. Compre também Buty-EZ e torne-se bela. (Aqui apela-se às "pessoas bonitas")

As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento, também deves votar neles.

Toda a gente sabe que a Terra é plana. Então por que razão insistes nas tuas excêntricas teorias?

Referências: Copi e Cohen: 103; Davis: 62.

ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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