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Atridas
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index do verbete
pga
Os tantálidas descendiam de Tântalo, antigo rei da região norte da península anatólica, onde na época clássica ficavam duas regiões conhecidas por Lídia e por Frígia. Alguns de seus descendentes, segundo a lenda, migraram para a Grécia e se estabeleceram na península do Peloponeso, que recebeu esse nome em homenagem a um deles, Pélops. Tântalo
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Níobe Pélops
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Atreu Tiestes
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+------+------+ Egisto
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Menelau Agamêmnon
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Ifigênia Electra Orestes
O ramo dos átridas se formou a partir de Atreu, filho de Pélops, e se tornou famoso devido à "maldição dos átridas" e à importante participação de Agamêmnon e Menelau na Guerra de Tróia.
pelops
Pélops (gr. Πέλοψ), que em algumas histórias foi morto pelo pai, Tântalo, foi salvo pelos deuses depois do malfadado banquete, mas teve que deixar a Lídia (ou Frígia) em virtude de uma guerra com Ilo, antigo rei troiano. Emigrou para a Grécia e se instalou no Peloponeso, região assim chamada, posteriormente, em sua homenagem.
Pouco depois de chegar à região, quis se casar com Hipodâmia, filha de Enômao, rei da Élida e filho do deus Ares e de uma das Plêiades. Enômao recusava sistematicamente os pretendentes e, para afastá-los, estabeleceu que a mão de Hipodâmia seria o prêmio do vencedor de uma corrida de carros contra ele; quem não o vencesse, morreria. O rei tinha cavalos divinos, presentes do próprio Ares; havia vencido facilmente os doze primeiros pretentendes e cortado suas cabeças, que pendurara na porta de sua casa para desencorajar os pretendentes seguintes.
Mas Hipodâmia apaixonou-se por Pélops e o ajudou a subornar o cocheiro do rei, Mírtilo, que sabotou o carro de Enômao e assegurou a vitória de Pélops. O casal e o cocheiro tiveram de fugir e posteriormente, por razões obscuras, Pélops teve de matar Mírtilo, que lançou-lhe, segundo alguns mitógrafos, a maldição que marcaria a família daí em diante.
Pélops e Hipodâmia tiveram vários filhos; os três mais importantes são Piteu, Atreu e Tiestes. Os dois últimos ficaram famosos pelo intenso ódio que dedicaram um ao outro. A partir de Atreu, cujos descendentes eram chamados de átridas, começa a maldição dos Átridas, uma longa lista de crimes e vinganças familiares sangrentas. A origem da maldição é controversa: além do episódio de Mírtilo, alguns mitógrafos relatam que, por instigação da mãe, Atreu e Tiestes mataram um filho bastardo de Pélops e foram amaldiçoados pelo pai.
O nome de Pélops relaciona-se, também, com a instituição dos primeiros jogos olímpicos [1].
Notas
Os Jogos Olímpicos, Píticos, Ístmicos e Nemeus eram os mais importantes da Grécia. Os Jogos Olímpicos, restaurados na idade moderna pelo Barão de Coubertin, eram celebrados em Olímpia, em honra a Zeus; os de Delfos em honra a Apolo, daí serem chamados de Píticos; os jogos celebrados em Corinto eram chamados de Ístmicos, e os celebrados na antiga cidade de Neméia (hoje chamada de Heracléia), de Nemeus, em honra a Zeus e a seu filho Héracles, o famoso Hércules dos romanos. Os jogos nemeus ocupavam o quarto lugar em importância.
niobe ou níobe
Níobe (gr. Νιόβη), filha de Tântalo a irmã de Pélops, saiu da Ásia para se casar com outro filho de Zeus, Anfíon, famoso músico que reinava em Tebas. Teve muitos filhos e filhas (a quantidade varia conforme a fonte).
A rainha estava tão orgulhosa e feliz com sua prole, que cometeu o erro de se declarar superior à deusa Letó, que tivera somente dois filhos, Apolo e Ártemis. A deusa se ofendeu, é claro, e pediu aos filhos que a vingassem. Apolo matou então, com suas flechas, todos os rapazes; Ártemis fez o mesmo a todas as moças. Em algumas versões, o próprio Anfíon foi morto ao tentar defender os filhos.
Na versão mais antiga, a da Ilíada, as crianças foram sepultadas pelos próprios deuses, onze dias após sua morte. Relatos mais recentes informam que Níobe, cheia de dor, voltou para junto de Tântalo, na Ásia, e tanto chorava que os outros deuses se apiedaram dela: transformaram-na numa rocha perto do Monte Sípilo, de onde uma nascente vertia água constantemente.
atreu
Atreu (gr. Ἀτρεύς), filho de Pélops e Hipodâmia, casou-se com Aérope, neta do rei Minos de Creta, e gerou dois filhos, Agamêmnon e Menelau. Seu irmão Tiestes (gr. Θυέστης) se tornou amante da cunhada, mas o intenso ódio entre os dois irmãos começou efetivamente durante a disputa pelo trono de Micenas, vago após a morte de Euristeu.
O trono tinha de ser atribuído a um filho de Pélops por força de um oráculo. Atreu encontrara em seu rebanho um cordeiro com velo de ouro e o guardava em segredo. Tiestes, ciente disso graças a Aérope, propôs que venceria a disputa quem apresentasse um velo de ouro. Atreu naturalmente concordou, mas foi Tiestes quem apresentou o velo de ouro, roubado do irmão com a ajuda de Aérope.
Os deuses, porém, protegiam Atreu. Orientado por Hermes, a mando de Zeus, propôs que Tiestes lhe entregasse o cetro caso fosse capaz de alterar o curso do sol, que até então caminhava do Ocidente para o Oriente. Tiestes concordou e Zeus fez com que o nascer sol, a partir desse dia, ocorresse no Leste e o ocaso, no Oeste, como em nossa época. Atreu, obviamente favorecido pelas divindades, tornou-se rei inconteste de Micenas.
Aérope foi lançada ao mar e Tiestes, banido. Posteriormente, fingindo querer reconciliar-se, Atreu convidou-o a voltar. Em um banquete, serviu a Tiestes pedaços dos três filhos que ele tivera com uma ninfa e, após revelar a natureza da iguaria que havia comido, expulsou-o novamente. Durante o exílio, em obediência a um oráculo, Tiestes uniu-se à própria filha, Pelopéia, e gerou Egisto.
Pelopéia casou-se mais tarde com Atreu e Egisto, criado pelo tio, pensava ser filho do próprio Atreu. Quando tornou-se adulto, foi encarregado de matar Tiestes, porém Egisto descobriu o ardil, matou Atreu e colocou seu verdadeiro pai no trono de Micenas.
Anos depois, quando Agamêmnon, filho de Atreu, era rei de Micenas e estava longe, em Tróia, Egisto tornou-se amante de Clitemnestra, esposa de Agamêmnon, e juntos conspiraram contra ele.
agamenon
Filho de Atreu e irmão de Menelau, Agamenon (gr. Ἀγαμέμνων) reinou em Micenas (Argos); consta que foi o mais poderoso rei de sua geração. A lenda não esclarece, no entanto, como o cetro passou de Tiestes a ele.
As atribulações de Agamêmnon
Uniu-se a Clitemnestra, irmã da famosa Helena, a causa imediata da guerra de Tróia. Clitemnestra havia se casado primeiro com Tântalos II, um dos filhos de Tiestes, mas Agamêmnon matou-o, assim como a um filho do casal, e mais tarde desposou Clitemnestra. Dentre seus filhos, os mais importantes foram Ifigênia (gr. Ἰφιγένεια, talvez a "Ifiánassa" de Homero, cf. Il. 9.145), Electra ("Laódice", em Homero — Il. 9.145), Crisótemis e Orestes.
Quando os gregos atacaram Tróia para recuperar Helena, Agamêmnon foi o comandante das forças gregas e, pouco antes do embarque, durante uma caçada, matou uma corça consagrada a Ártemis. A deusa impediu, então, que os ventos soprassem e imobilizou toda a frota helênica em Áulis, na Beócia. Agamêmnon foi obrigado a sacrificar a filha Ifigênia a Ártemis para que o exército conseguisse embarcar.
O destino de Ifigênia
Na realidade, a moça foi salva pela deusa Ártemis no último momento e se tornou sua sacerdotiza na Táurida, região bárbara e selvagem situada na Criméia atual. Em algumas versões, foi transformada em Hécate. Mas ninguém ficou sabendo disso, pois a deusa colocou uma corça em seu lugar. Para todos os efeitos, Ifigênia havia sido efetivamente sacrificada. Anos depois, seu irmão Orestes encontrou-a na Táurida e, com o auxílio do amigo Pílades, libertou-a e levou-a para a Ática, onde ela se tornou sacerdotiza de Ártemis no santuário de Brauron.
Muito antes disso, enquanto Agamêmnon estava em Tróia, acreditando que a filha havia morrido por culpa do pai, Clitemnestra decidiu se vingar e tornou-se amante de Egisto, filho de Tiestes. Conspirou contra o marido durante sua longa ausência e, após os dez anos da Guerra de Tróia, Agamêmnon retornou vitorioso. Mal pôs os pés em seu rico palácio: foi imediatamente assassinado por Clitemnestra e Egisto. Cassandra, a princesa troiana que recebera por escrava, foi assassinada ao mesmo tempo.
Iconografia e culto
A despeito de seu relevante papel na lenda heróica, Ifigênia era primitivamente uma divindade pré-helênica, ligada à fertilidade da natureza e também à morte, e posteriormente foi assimilada a Ártemis e mesmo considerada uma de suas manifestações. Ifigênia também era confundida com Hécate, outra divindade associada a Ártemis e a seus aspectos mais sombrios.
Ártemis e Ifigênia eram cultuadas juntas em diversos santuários, especialmente em Brauron, na Ática, e em Mégara, perto do istmo de Corinto. Uma certa quantidade de imagens do sacrifício de Ifigênia e de seu resgate em Táuris chegaram até nós.
menelau
Menelau (gr. Μενέλεως), filho de Atreu e irmão de Agamêmnon, disputou a mão de Helena, filha do rei de Esparta, com quase todos os heróis e reis gregos. A beleza da moça era lendária, e todos os pretendentes juraram que matariam os demais se não obtivessem sua mão.
Casamento e guerra
Tíndaro, o rei, aconselhado por Odisseu, fez então com que os pretendentes jurassem solidariedade uns aos outros e permitiu, excepcionalmente, que a própria Helena escolhesse um deles — contrariamente ao costume grego, em que os pais determinavam o casamento dos filhos. Helena escolheu Menelau, que reinou em Esparta depois da morte de Tíndaro. Algum tempo depois, nasceu a filha do casal, Hermíone.
Posteriormente, sob a proteção de Afrodite, o troiano Páris raptou Helena ou, simplesmente, levou-a para Tróia com o consentimento dela, e Menelau conclamou todos os antigos pretendentes em seu auxílio. Formou-se uma gigantesca expedição contra Tróia, que demorou dez anos para ser conquistada e custou a vida de muitos gregos e de quase todos os troianos.
Depois da guerra
Vencida a guerra, Menelau recuperou Helena e reconciliou-se com ela, mas sua volta a Esparta foi tumultuada e demorou muitos anos. Não ficou sabendo do assassinato de Agamêmnon a tempo e, portanto, nada pôde fazer a respeito.
Após o retorno, viveu tranquilamente junto de Helena durante anos. No fim da vida foi levado aos Campos Elíseos[1], grande honra concedida por Zeus ao seu genro.
Em uma das versões do mito, Helena não esteve em Tróia em pessoa. Zeus substituiu-a antes do rapto por uma nuvem e escondeu-a no Egito, onde Menelau iria encontrá-la depois da queda de Tróia. Longos anos de guerra, inúmeros heróis mortos, outros heróis ausentes de casa durante muito tempo: tudo por uma simples imagem de Helena...
Iconografia e culto
Tanto Helena como Menelau não tinham, na iconografia, nenhum atributo característico. Havia em Terapne (perto de Esparta) desde o século -VIII um heroon dedicado aos dois, o menelaion. A arqueologia demonstrou que o estrato mais antigo desse sítio remonta ao Período Micênico, porém não há evidência quanto à natureza do culto (se é que existia algum) nessa época.
Notas
Na Mitologia Grega mais antiga, as "ilhas dos bem-aventurados" (gr. Μακάρων νῆσοι, Od. 4.561) eram o local para onde os deuses enviavam seus escolhidos, após a morte terrena, para uma nova vida, perfeita e agradável. A ilha era vagamente situada no extremo oeste do rio Oceano. Na época clássica falava-se dos "Campos Elíseos" (gr. Ἠλύσιον πέδιον), um prado aprazível e de grande beleza situado igualmente na margem ocidental do Rio Oceano; em versões tardias das lendas, situava-se o Ἡλύσιον em algum lugar do hades, o mundo subterrâneo dos mortos. Aparentemente, é essa a origem do conceito de "Céu" dos cristãos e muçulmanos.
electra e orestes
Quando Agamêmnon partiu para atacar a cidade de Tróia, deixou em Micenas um filho pequeno, Orestes (gr. Ὀρέστης), e três filhas: Crisótemis, Laódice e Ifiánassa (Il. 9.145). Posteriormente, os mitos consagraram os nomes "Electra", ao invés de Laódice, e "Ifigênia", ao invés de Ifiánassa.
As desventuras de Electra
Logo depois do assassinato do rei, Electra (gr. Ἠλέκτρα) conseguiu evitar a morte do irmão mandando-o para a casa de seu tio Estrófio, casado com Anaxíbia, irmã de Agamêmnon, na Fócida. Em outras versões, foi um velho criado o autor da façanha. Crisótemis submeteu-se à sua mãe, Clitemnestra, e a Egisto, que assumira o trono de Argos (Micenas); Electra, porém, resistiu aos dois assassinos e foi maltratada por eles durante anos.
Os poetas trágicos desenvolveram numerosas versões da história de Electra, e em uma tragédia perdida de Sófocles, Aletes, ela era a personagem principal. Electra, na famosa versão de Eurípides, era tratada como escrava e, além disso, havia sido obrigada por Egisto a se casar com um simples camponês para que não gerasse um filho nobre, capaz de vingar a morte de Agamêmnon.
As aventuras de Orestes
Quando Orestes se tornou um homem, retornou incógnito a Argos em companhia de seu primo e amigo Pílades, filho de Estrófios e de Anaxíbia. Numa cena que os poetas trágicos tornaram famosa, Electra encontrou-se com ele ao visitar o túmulo de Agamêmnon e reconheceu-o apesar dos anos que haviam se passado.
A seguir, por ordem de Apolo, com a ajuda de Electra e de Pílades e através de um ardil, Orestes matou Egisto e a própria mãe, vingando finalmente o assassinato do pai. Na Electra de Eurípides, Electra participou ativamente da morte de Clitemnestra. Após a vingança, Orestes foi perseguido pelas Erínias, pois matara alguém de seu próprio sangue. Na versão de Ésquilos, a que se tornou mais popular, foi salvo algum tempo depois por Apolo e por Atena.
Algum tempo depois Orestes voltou a encontrar a irmã Ifigênia, que todos acreditavam morta, no santuário de Ártemis da Táurida, e salvou-a. Electra casou-se com Pílades; Orestes, com Hermíone, filha de Menelau, sua prima. Para obter Hermíone, segundo algumas versões da lenda, Orestes teve antes que matar Neoptólemo, filho de Aquiles.
Orestes reinou primeiro em Argos e depois em Esparta, após a morte de Menelau. Faleceu em idade muito avançada.
Iconografia
Na arte, Orestes não recebeu nenhum atributo característico, mas pode ser quase sempre reconhecido pelo contexto. As cenas mais frequentes mostram-no no túmulo de Agamêmnon, junto de Electra, ou matando Egisto, ou matando Clitemnestra, ou refugiado em Delfos, ao lado das Erínias e de Apolo, ou na Táurida, prestes a ser sacrificado por Ifigênia.
Literatura
A lenda de Orestes e Electra inspirou quase todos os poetas trágicos gregos. Dentre as tragédias conservadas na íntegra, diversos aspectos e versões da lenda foram abordados por Ésquilo (Coéforas, Sófocles (Electra) e Eurípides (Electra, Andrômaca e Orestes).
f.: Portal grécia antiga
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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