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As éguas de Diomedes


Diomedes era filho de Ares e rei dos bistônios, povo não-grego que vivia na Trácia, ao norte da península balcânica. Possuía quatro éguas (cavalos, em algumas versões) ferozes, carnívoras e antropófagas, que alimentava com os estrangeiros que apareciam em suas terras. Euristeu ordenou, e Héracles foi buscá-las.

Alceste

A caminho da Trácia, o herói fez uma pausa para encontrar Admeto, rei de Feras (Tessália), antigo companheiro da época dos Argonautas. Esse rei, algum tempo antes, tivera o privilégio de ter o próprio Apolo sob suas ordens, guardando os rebanhos. Apolo havia sido castigado por Zeus, depois de matar alguns dos ciclopes em represália à morte de seu filho Asclépio.

Apolo afeiçoou-se a ele, e obtivera das Moiras que elas teceriam mais um fio para Admeto, quando ele morresse, caso alguém concordasse voluntariamente em substituí-lo. O tempo foi passando e quando chegou a hora da morte do rei, a única pessoa que se ofereceu para substituí-lo foi Alceste, sua amada esposa. Admeto descabelou-se, chorou, gritou, lamentou, rasgou as vestes... mas aceitou.

Quando Héracles apareceu inesperadamente no palácio de Admeto, os funerais de Alceste já estavam em andamento. O rei, porém, conversou com o amigo alegremente e fingiu que nada havia acontecido, pois não queria perturbá-lo. À vontade, Héracles comeu e bebeu até cansar e se tornou um tanto buliçoso; acabou, porém, percebendo que ninguém acompanhava sua alegria e forçou um dos serviçais a contar o que estava acontecendo.

Horrorizado com seu comportamento, o herói não pensou duas vezes. Emboscou Tânato, a morte personificada, que viera buscar Alceste, enfrentou-o e venceu-o. Alceste, desse modo, pôde retornar ao mundo dos vivos.

Diomedes

Héracles continuou a viagem para a Trácia e, ao chegar, invadiu o palácio de Diomedes, dominou os serviçais, matou os guardas, capturou Diomedes e se apoderou das ferozes éguas. Ia já levar todas a Euristeu, quando percebeu que as éguas estavam realmente muito famintas. Seus bons sentimentos provavelmente haviam sido estimulados na aventura com Admeto, Alceste e Tânato: sensibilizado com o sofrimento dos pobres animais, serviu-lhes o próprio Diomedes. Héracles era indubitavelmente temperamental e violento mas vê-se que, no fundo, tinha bom coração...

Em Micenas, entregou as éguas antropófagas a Euristeu que, amedrontado, mandou soltar os monstros. Tempos depois elas foram finalmente devoradas por lobos selvagens, quando passavam perto do Monte Olimpo.

Fontes

A mais antiga referência a esse trabalho é um fragmento de Píndaro (Pi. Fr. 169a.5-25). Os relatos mais completos, porém, estão em:

Pseudo-Apolodoro (Apollod. 2.5.8 — v. epígrafe)
Diodoro Sículo (D.S. 4.15.3)
Filóstrato, o Velho (Philostr. Im. 2.25)
Iconografia

A mais antiga cena do 8º trabalho está em uma taça ática de figuras negras de -520, aproximadamente, em que Héracles domina um dos animais; uns poucos vasos áticos posteriores também representam Héracles dominando ou atacando uma ou mais éguas de Diomedes. Em Olímpia, uma das métopas do templo de Zeus (-470/-457), lado leste, mostra o herói dominando um cavalo (ou uma égua).

Obras literárias

Na Antiguidade, o episódio da visita de Héracles a Alceste e Admeto inspirou uma tragédia de Sófocles, que chegou até nós em estado fragmentário, e a tragédia Alceste, de Eurípides (c. -438).

O texto de Eurípides, por sua vez, inspirou as óperas de Aureli (1660), Lully (1674), Gluck (1767 e 1776) e Handel (1727), o poema Balaustion's Adventure, de Robert Browning (1871), e a peça de Thornton Wilder, The Alcestiad or A Life in the Sun (1977).
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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