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Héracles



index do verbete
John Singer Sargent (1856-1925). Héracles. Clique no link para ver a imagem em tamanho maior:rel://files/GO%20Sargent/hercules-1921.jpg!HalfHD.jpg


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Filho de Zeus e de uma mulher mortal, Alcmena, Héracles (gr. Ἡρακλῆς) era descendente de Perseu. Alcmena era filha de Electríon, rei de Micenas, que por sua vez era filho de Perseu. Como Perseu era filho de Dânae e Zeus, Héracles era a um tempo irmão e bisneto do vencedor da Górgona.

Dotado de imenso vigor físico, sua força se tornou proverbial. Realizou proezas incríveis, armado com a característica clava, arco e flechas e quase sempre vestido com uma pele de leão. Nada resistia a ele. Derrotou monstros antes invencíveis, conquistou cidades e seus reis, venceu em combate os próprios deuses. Suas façanhas mais famosas foram os 12 trabalhos, que efetuou a mando de seu primo Euristeu, instigado pela ciumenta deusa Hera. Tantas foram suas aventuras, que os antigos já organizavam as histórias sobre ele em três grupos: os trabalhos (gr. ἆθλοι), as proezas (gr. πράξεις) e as façanhas paralelas (gr. πάρεργα) aos trabalhos.

Após uma vida movimentada e cheia de aventuras, o corpo terreno de Héracles morreu. Os gregos acreditavam, no entanto, que depois sua "parte divina" havia ascendido ao Olimpo e que ele, até então um simples herói[1], havia conquistado a divindade.

A figura de Héracles, desse modo, permeava tanto o domínio ctônico, da terra, próprio aos heróis, quanto o domínio divino, próprio dos deuses. O poeta Píndaro chamava-o, muito apropriadamente, de herói-deus (Pi. N. 3.22). Seu culto existia em toda a parte, menos na ilha de Creta; na mesma festa ofereciam-lhe sacrifícios primeiro como herói e depois como deus (Burkert, Religião ..., p. 405).

Fontes

(genealogia de héracles)

As mais antigas menções à lenda de Héracles estão na Ilíada (v.g. Il. 5.392-404, 8.362-9, 19.95-133) e na Teogonia, de Hesíodo (v.g. 289-94, 526-34), mas são muito breves. De modo geral, a maioria das referências textuais antigas se perdeu; atualmente, nossa melhor fonte é um "resumo" tardio, escrito pelo Pseudo-Apolodoro (2.4-7) no século -II. Os documentos iconográficos fornecem, também, muitas informações sobre Héracles, e algumas imagens representam até mesmo episódios não relatados pelas fontes literárias.

Iconografia

Durante o Período Arcaico, Héracles e suas heróicas aventuras constituíram um dos temas mais populares entre os artistas gregos; seus atributos habituais eram a barba, a pele de leão e a clava, notadamente (fig. 053), além de olhos um tanto salientes. Durante o século -IV, sua popularidade diminuiu consideravelmente e o aspecto humano do herói passou a ser mais valorizado — ele era, em geral, representado sem a barba e, algumas vezes, até mesmo sem as armas características.

Literatura

Três tragédias gregas sobre o mito de Héracles chegaram até nós, duas de Eurípides (Héracles e Os Heráclidas) e uma de Sófocles (As Traquinianas). Sua influência na literatura é grande, e a a quantidade de obras literárias baseadas em sua lenda é espantosa e ocupa um livro inteiro (ver Galinksy, 1972).

O tema influenciou até mesmo romances policiais... a novelista inglesa Agatha Christie inspirou-se nos doze trabalhos de Héracles para compor doze contos policiais, reunidos na coletânea The Labours of Hercules (1947), com o detetive belga Hercule Poirot.

Notas

Herói (gr. ἥρως) e heroon (gr. ἡρῶιον) são palavras de mesmo radical. Os heróis, na mitologia grega, eram os filhos de um deus e uma mortal, ou de uma deusa e um mortal — semideuses, portanto, capazes de façanhas sobre-humanas. Os heróis não eram imortais como os deuses, mas eram igualmente cultuados (embora nem todos tivessem ascendência reconhecidamente divina) em um templo chamado, pelos especialistas, de heroon. Veja a monografia sobre os mitos heróicos.

Alcmena (gr. Ἀλκμήνη), a futura mãe de Héracles, estava casada com Anfitrião (gr. Ἀμφιτρύων), seu primo, filho de Alceu, rei de Tirinto, por sua vez um dos filhos de Perseu e Andrômeda.


Paul Gustave Dore, Andromeda

Alcmena, Zeus e Anfitrião

Anfitrião e Alcmena não haviam, ainda, consumado o casamento. Os irmãos dela haviam morrido há algum tempo, durante uma disputa com povos vizinhos, e ele havia prometido vingá-los antes de qualquer outra coisa.

O casal estava refugiado em Tebas quando Anfitrião partiu para combater os matadores dos cunhados. Estranhamente, voltou sozinho e vitorioso, dias depois, e naturalmente teve sua noite de núpcias. Estranhamente, essa noite durou três vezes mais do que o normal, pois sob a figura de Anfitrião escondia-se Zeus, que se se apaixonara por sua bisneta (lembremos que Zeus era, também, pai de Perseu). Ele ficara tão encantado com a moça que mandou Hélio, o sol, não se levantar durante três dias.

Algum tempo depois, o verdadeiro Anfitrião regressou e foi recebido por uma esposa que jurava ter concebido um filho dele. Furioso, estava já a ponto de queimá-la em uma fogueira, quando o adivinho Tirésias revelou o artifício de Zeus e o futuro nascimento de Héracles.

Anfitrião acabou perdoando a esposa, embora no fundo ainda desconfiasse um tanto daquela história. Alcmena deu à luz dois meninos, Alcides e Íficles (gr. Ἰφικλῆς); um deles havia sido concebido por Zeus, o outro por Anfitrião.

Herói que é herói começa cedo

Hera, a legítima esposa de Zeus, perseguia incansavelmente as amantes e filhos ilegítimos do marido e, quando Alcides e Íficles tinham apenas alguns meses de idade, enviou duas serpentes para matar o filho de Zeus. As serpentes entraram durante a noite no berço dos gêmeos e, a um grito aterrorizado de Íficles, Alcmena e Anfitrião acorreram imediatamente. Encontraram, assustados, uma cena insólita: o pequeno Alcides estrangulava, com toda a calma, uma serpente em cada mãozinha...

Anfitrião, convencido agora da origem divina do menino, providenciou-lhe a refinadíssima educação da época: condução de carros de guerra, luta, armas, música e canto. Alcides ia muito bem em todas as matérias, com exceção da música. Durante um dos acessos de cólera que o fariam famoso no futuro, Alcides matou o professor, Lino, com sua própria lira. Anfitrião, preocupado com o pavio curto do poderoso filho adotivo, encarregou-o da guarda de seus rebanhos e mandou-o para os campos.

Aos dezoito anos o jovem Alcides matou, com as próprias mãos, o feroz Leão de Cíteron, que devastava as terras de Anfitrião e de um rei vizinho. Ao regressar a Tebas, desentendeu-se com os enviados de Ergino, rei dos mínios de Orcômenos, Beócia, que para lá se dirigiam afim de recolher um tributo devido pelos tebanos. Consta que Alcides cortou-lhes o nariz e as orelhas e mandou-os levar a Orcômenos esse "tributo".

Ergino não entendeu ou não apreciou a brincadeira e declarou guerra a Tebas. Os tebanos venceram, com a decisiva ajuda de Héracles, porém a vitória custou a vida de Anfitrião, que morreu durante a luta. Creonte, rei de Tebas, deu a Alcides sua filha Mégara, com quem ele teve vários filhos.

Iconografia

Diversos episódios dessa fase da vida de Héracles foram ilustrados pela iconografia grega. Dentre os vasos do século -IV, encontrados na Itália meridional, uma cena inspirada por uma farsa fliácica representa a sedução de Alcmena por Zeus (fig. 083); uma tragédia perdida de Eurípides, Alcmena, é provavelmente a fonte de cenas de vasos italiotas que mostram Alcmena sentada na fogueira (fig. 576).

Outras cenas comuns em vasos e também em moedas são as que mostram o recém-nascido Alcides matando as serpentes enviadas por Hera (a fig. 080 mostra uma versão romana do episódio). A única cena da "educação" de Héracles é aquela que mostra, em alguns poucos vasos, o enraivecido jovem matando Lino, seu professor de música (fig. 246).

Durante um acesso de loucura, provocado pela ciumenta deusa Hera, Alcides matou os filhos que tivera com Mégara. Segundo algumas versões, Mégara também foi morta, assim como dois filhos de seu irmão Íficles.

Para expiar essas mortes involuntárias, Alcides procurou orientação junto ao Oráculo de Delfos. Condenado a efetuar doze façanhas sobre-humanas (gr. ἆθλοι) sob as ordens de seu primo Euristeu, rei de Micenas, teve também o nome trocado para Héracles, que significa "a glória de Hera". Há outras explicações para a submissão de Héracles a Euristeu, mas de um modo geral a penitência imposta pelo Oráculo de Delfos é uma das mais aceitas.

Trabalhos e aventuras paralelas

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Mapa dos trabalhos de Héracles. Clique no link para ver a imagem em tamanho maior:rel://files/Greek%20Mythology%20maps%20%20%20Mythological%20map%20of%20Heracles%20%20tasks%20in%20Greece.png

No Portal, há uma sinopse para cada um dos "trabalhos" que os autores antigos atribuíam ao herói, na sequência estabelecida pelo Pseudo-Apolodoro (v. infra):

O leão de Neméia
A hidra de Lerna
A corça cerinéia
O javali do Erimanto
As cavalariças de Augias
As aves do Lago Estínfale
O touro de Creta
As éguas de Diomedes
O cinto de Hipólita
Os bois de Gérion
Os pomos das Hespérides
Cérbero, o guardião do Hades

Os seis primeiros trabalhos foram realizados na própria Grécia, mais especificamente no Peloponeso; os seis últimos levaram o herói ao "estrangeiro" e alguns deles a lugares muito distantes e puramente míticos. A sequência dos trabalhos varia um pouco, de acordo com a fonte; aqui, foi adotada a ordem dada pelo Pseudo-Apolodoro (2.4-7), considerada atualmente a ordem canônica.

Durante os trabalhos o herói foi perseguido pelo ódio da deusa Hera, que procurava sistematicamente levá-lo à perdição, mas contou com o constante apoio da deusa Atena, sua meio-irmã, uma poderosa e igualmente incansável defensora. Iolau, filho de seu meio-irmão Íficles, ajudou-o em alguns de seus trabalhos.

E poucos dentre os trabalhos foram cumpridos em sequência direta, pois o herói teve diversas aventuras entre uma façanha e outra, os trabalhos paralelos (gr. πάρεργα). Nas sinopses enumeradas acima, as façanhas palalelas relacionadas diretamente com os trabalhos foram também relatadas.

Fontes

A mais antiga menção aos "trabalhos" de Héracles está na Ilíada (Il. 8.362-9). Há alguma controvérsia, entre os mitógrafos, quanto ao número de trabalhos; em geral, segue-se a única fonte que relata sistematicamente todos os trabalhos, em número de doze, a Biblioteca do Pseudo-Apolodoro (Apollod. 2.4.12-5.12).

Iconografia

A mais antiga representação dos 12 trabalhos "canônicos" de Héracles foram as métopas do templo de Zeus em Olímpia (-470/-457). Nos templos arcaicos da Magna Grécia, no Parthenon de Atenas e no Tesouro dos Atenienses em Delfos também havia representações de diversos trabalhos.

Os trabalhos estavam entre os temas mais utilizados pelos artistas gregos, especialmente entre os decoradores dos vasos de figuras negras. A deusa Atena era frequentemente representada junto a Héracles, encorajando-o ou ajudando-o; Iolau também era mostrado com alguma frequência. Nos vasos de figuras vermelhas, a presença do herói e de suas façanhas diminuiu consideravelmente.

Influência literária

Héracles tornou-se uma figura popular no fim da Idade Média e no início do Renascimento; seus 12 trabalhos inspiraram diversas obras, como o romance em prosa poética Le Fatiche d'Ercole, de Pietro Bassi (1475), o texto em prosa de Don Enrique de Villena, Los Doze Trabajos de Hercules (Zamora, 1483 e 1499), o romance anônino Les Prouesses et vaillances du preux Hercule (Paris, 1500), logo traduzido para o inglês, o poema Dodeci Travagli di Ercole, de J. Perillos (1544) e uma coleção de adágios e alegorias de Fernandez de Heredia, Trabajos y afanes de Hercules (Madrid, 1682).

Alguns episódios dos "12 trabalhos" inspiraram, isoladamente, algumas obras literárias; veja as sinopses referentes a cada trabalho.

Logo após o último trabalho, Héracles dirigiu-se a Cálidon, na Etólia, onde lutou contra o rio Aqueloo, pretendente de Djanira, irmã do herói Meleagro. Héracles derrotou-o e casou-se com Djanira, cumprindo assim a promessa que fizera, no Hades, à sombra de Meleagro. Viveu algum tempo em Cálidon, tranquilamente, no palácio de Eneu, pai de Djanira, mas teve de exilar-se depois de matar acidentalmente um tal Êunomo, parente do rei.

Junto com Djanira e Hilo, seu filho mais velho, dirigiu-se a Tráquis, na Fócida, onde foi acolhido por Ceix, sobrinho de Anfitrião, seu pai adotivo. No caminho matou com uma flecha o centauro Nesso, que tentara violentar Djanira fingindo ajudá-la na travessia de um rio. Antes de morrer, porém, o centauro segredou a Djanira que seu sangue era um poderoso filtro amoroso e aconselhou-a a guardar um pouco, caso algum dia Héracles deixasse de amá-la. Esposa apaixonada (mas desconfiada), Djanira acreditou piamente e recolheu o sangue de Nesso, contaminado pela flecha envenenada com o sangue da Hidra de Lerna.

Em Tráquis, Héracles viveu sem problemas mais algum tempo e teve mais filhos, até que num acesso de loucura matou Ífito, filho de Êurito, rei da Ecália. Deixando a esposa e os filhos, procurou novamente o conselho do Oráculo de Delfos, que recusou-se a responder-lhe; louco da vida, o herói arrancou a trípode consagrada a Apolo e levou-a embora. O próprio Apolo, seu meio-irmão, desceu furioso do Olimpo para enfrentá-lo e recupar a trípode, mas um raio de Zeus separou os contendores e acalmou-os. O herói devolveu a trípode e Apolo ordenou ao Oráculo que respondesse.

Para expiar o crime, Héracles foi condenado a servir três anos como escravo. Leiloado por Hermes, foi comprado por Ônfale, rainha da Lídia (região norte da península anatólica). Ela apaixonou-se por ele e divertia-se vestindo-o de mulher e usando, em troca, a pele do leão de Neméia e a clava. Era, apesar disso, uma rainha muito prática e, imitando Euristeu, encarregou o heróico escravo de alguns "trabalhinhos", cumpridos com grande facilidade: a captura dos Cércopes, agressivos mas bem-humorados salteadores de estrada; e a morte de Sileu e Litierses, dois "econômicos" facínoras que obrigavam os passantes a trabalharem em suas vinhas (Sileu) e campos (Litierses) antes de matá-los.

Após a servidão junto a Ônfale, Héracles teve ainda outras aventuras, entre elas a da expedição contra Tróia (ver o 9º trabalho) e, no retorno à Grécia, uma aberrante aventura na ilha de Cós, no litoral da Anatólia: vendo seu rei Antágoras em uma luta amigável com Héracles, os habitantes da ilha pensaram tratar-se de uma disputa mortal e, solidários, atacaram em massa o herói. Conta-se que, para não matar ninguém, o herói escondeu-se e saiu da ilha disfarçado de mulher...

Relata-se também, fora do âmbito dos "trabalhos", grande número de expedições contra vários reis e povos da Grécia, de lugar incerto na cronologia do herói e invariavelvente bem-sucedidas: contra Neleu, de Pilos (Messênia); Hipocoonte, de Esparta (Lacônia); os Lápitas, os Dríopes e Amintor, da Tessália. O irmão de Héracles, Íficles, morreu na luta contra Hipocoonte. Finalmente, menciona-se também a participação de Héracles na viagem dos Argonautas e sua colaboração com Zeus na gigantomaquia.

Héracles organizou uma expedição contra o rei Êurito, da Ecália (localização incerta), com quem se desentendera havia algum tempo. Não há certeza quanto às razões da desavença e quanto ao papel de Ífitos — morto por Héracles durante o acesso de loucura que resultou na servidão junto a Ônfale — nela, mas o fato é que o herói venceu a luta e, como parte do saque, recebeu a bela Íole, filha do rei.

Ao voltar, decidiu erguer um altar perto de Tráquis e oferecer um sacrifício a Zeus. Mandou então uma mensagem a Djanira pedindo uma vestimenta limpa, mas o mensageiro era um linguarudo e contou a Djanira que Héracles estava apaixonado por Íole. Se era verdade ou não, não se sabe com certeza; mas, com medo de perder o marido, Djanira colocou um pouco do sangue de Nesso em uma vestimenta e enviou-a ao herói. Sem desconfiar, Héracles vestiu-a e sentiu o corpo em chamas e uma dor violentíssima, pois o veneno da Hidra de Lerna impregnara-lhe a pele; ao tentar retirar a túnica, saíam pedaços inteiros da pele junto com o tecido.

Héracles compreendeu que sua hora chegara e pediu ao filho mais velho, Hilo, que cuidasse de Íole e erguesse uma pira funerária no monte Eta, perto dali. Conta-se que a princípio ninguém tinha coragem de acender a pira, mas diante do sofrimento do herói e de suas súplicas, Peas, pai de Filoctetes, finalmente ateou fogo à madeira. Em agradecimento, Héracles legou-lhe o arco e as flechas.

Djanira, desesperada ao saber da morte do marido e de sua própria culpa, enforcou-se. Mas o fogo da pira havia matado apenas o componente mortal do corpo do herói e, enquanto o fogo ainda ardia, ouviu-se um trovão e Héracles ascendeu ao Olimpo, onde foi recebido por Atena e conduzido até Zeus, seu pai. Agora um deus, Héracles se reconciliou com Hera e recebeu por esposa sua meio-irmã Hebe, a personificação da juventude.

f.: Portal grécia antiga
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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