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O breviário de Nicolau Flamel
f.: aqui, l. ext.
Consta que teve um estranho sonho.«Viu um livro revestido de uma capa de cobre e cujas folhas, que pareciam ser feitas de cascas finas, ornadas de magníficas ilustrações.
O anjo que em sonhos lho apresentou disse: olha bem este livro; parecer-te-á obscuro como a todo o mundo, mas um dia verás aquilo que é preciso ver e saberás o que ninguém sabe...Adormecido, estendeu a mão para receber o livro mas o sonho desfez-se e acordou subitamente
Este livro mostrado em sonhos a Flamel, ele o descobrirá na realidade como descreve no seu Livro das Figuras Hieroglíficas: «Eu, Nicolau Flamel, escrivão e vizinho de Paris, neste ano de 1399, residindo na minha casa da Rue des Escrivains, perto da capela de St. Jacques de la Boucherie. Ainda que tenha aprendido só um pouco de latim devido aos escassos meios dos meus pais, que, apesar de tudo, eram estimados como gente de bem....Assim pois, quando depois da morte de meus pais, ganhava a vida com a nossa arte da escrita , fazendo inventários, contas, travando os gastos de tutores e de menores, veio-me parar às mão, por dois florins, um livro dourado muito velho e grande. Não era de papel nem pergaminho como os demais, mas de córtices (assim me pareceu) de tenros arbustos. A sua capa era de cobre fino, gravado com letras e figuras estranhas. Creio que poderiam ser caracteres gregos ou de outra língua antiga similar, pois sabia lê-lo e não eram letras ou ornamentos, já que dessa percebo um pouco. No interior, as folhas de córtice estavam gravadas com grande perfeição e escritas com buril de ferro, umas letras latinas coloridas, muito belas e claras. Continha três vezes sete folhas; assim estavam numeradas no alto da folha. A sétima não continha escrito algum. Em vez disso, estava pintado, na primeira sétima, um látego e umas serpentes mordendo-se. Na segunda sétima, uma cruz com uma serpente crucificada.»
Este livro mostrado em sonhos a Flamel, ele o descobrirá na realidade como descreve no seu Livro das Figuras Hieroglíficas: «Eu, Nicolau Flamel, escrivão e vizinho de Paris, neste ano de 1399, residindo na minha casa da Rue des Escrivains, perto da capela de St. Jacques de la Boucherie. Ainda que tenha aprendido só um pouco de latim devido aos escassos meios dos meus pais, que, apesar de tudo, eram estimados como gente de bem....Assim pois, quando depois da morte de meus pais, ganhava a vida com a nossa arte da escrita , fazendo inventários, contas, travando os gastos de tutores e de menores, veio-me parar às mão, por dois florins, um livro dourado muito velho e grande. Não era de papel nem pergaminho como os demais, mas de córtices (assim me pareceu) de tenros arbustos. A sua capa era de cobre fino, gravado com letras e figuras estranhas. Creio que poderiam ser caracteres gregos ou de outra língua antiga similar, pois sabia lê-lo e não eram letras ou ornamentos, já que dessa percebo um pouco. No interior, as folhas de córtice estavam gravadas com grande perfeição e escritas com buril de ferro, umas letras latinas coloridas, muito belas e claras. Continha três vezes sete folhas; assim estavam numeradas no alto da folha. A sétima não continha escrito algum. Em vez disso, estava pintado, na primeira sétima, um látego e umas serpentes mordendo-se. Na segunda sétima, uma cruz com uma serpente crucificada.»
Seria fastidioso descrever aqui o que podereis ler no livro acima citado mas queremos chamar a vossa atenção para a descrição da Quarta Lâmina «Na quarta folha pintou, em primeiro lugar, um jovem com asas nos calcanhares e com um caduceu na mão, rodeado por duas serpentes, com o qual golpeava um capacete que lhe cobria a cabeça. Pareceu-me o deus Mercúrio dos pagãos. Contra ele, vinha correndo e voando, com as asas abertas, um velho que levava um relógio atado na cabeça e nas suas mãos uma gadanha como a Morte, com a qual queria cortar os pés a Mercúrio.»
Flamel não tinha, na altura em que adquiriu o dito livro, um conhecimento profundo da simbologia alquímica porque nesta primeira Lâmina estão indicadas simbolicamente as matérias necessárias à obra. Por isso fez uma peregrinação a Compostela onde encontrou um tal Mestre Canches, um sábio judeu que lhe teria explicado o simbolismo. Na quarta Lâmina a simbologia é mais pormenorizada indicando-nos não só as matérias especificadas na Primeira como também parte do modus operandi.
Le Livre Des Figures Hieroglyphiques não é o melhor e mais explícito de Nicolau Flamel e, nem tão pouco Le Sommaire Philosophique e Le Désir Désiré. Flamel escreveu outro livro menos conhecido mas que é o mais importante: O Brevière ou em Inglês Testament.
Na Introdução do Breviário Nicolau Flamel diz o seguinte:«Eu, Nicolau Flamel, escrivão de Paris, neste ano de 1414 do reinado do nosso príncipe bendito Carlos VI, que Deus abençoou, e após a morte da minha fiel companheira Perrenelle, me tomou de fantasia e de satisfação, recordando-me dela, para escrever em teu favor, caro sobrinho, toda a mestria do segredo do Pó de Projecção ou Tintura Filosofal, que aprove a Deus dispensar a seu insignificante servidor...Segue, portanto, com engenho e entendimento os discursos dos filósofos acerca do segredo, mas não tomes os seus escritos à letra, porque ainda que possam ser entendidos segundo a Natureza não te serão úteis. Por isso, não esqueças de rogar a Deus que te dispense entendimento de razão, de verdade e natureza, para que vejas neste livro, em que está escrito o segredo palavra a palavra e página a página, como eu fiz e trabalhei com a tua querida tia Perrenelle, que recordo imensamente.»
Consta que O Breviário ou Testamento teria manuscrito por Nicolau Flamel nas margens de um Breviário e seria dedicado ao sobrinho de sua mulher Perrenelle.
Daí ele ser extremamente caridoso, escrito em linguagem clara para a época, mas que hoje um alquimista com conhecimentos profundos da Arte poderá entender o que não acontece com os seus anteriores livros. Por isso de um verdadeiro Testamento se trata.
Ao que parece, o Breviário foi encontrado pelo Mestre Dom Antoine-Joseph Pernety do qual teria feito uma cópia ilustrada. Mais tarde o Cavaleiro Denis Molinier, também ele alquimista, adquiriu a cópia de Dom Pernety e anotou nas margens, cuidadosamente, os esclarecimentos complementares que julgou convenientes para a execução desta via, que ele provavelmente fez ou tentou fazer. Essas anotações, embora um pouco confusas e repetitivas, mesmo assim facilitam muito a compreensão do texto.
Resumindo: a obra de Nicolau Flamel tal como a de Ireneu Filaleto é uma via dos amálgamas. O que numa é omisso na outra é descrita quase ao pormenor por esse motivo complementam-se.
In La Alchimie de Flamel ( Le Brevière) d'après manuscrit du Chevalier Denis Molinier (1772). Editions d'Arte Savary, Carcassome, France.
É inegável que Flamel de repente se tornou capaz de assumir despesas enormes com obras de caridade e deu avultadas quantias para a construção de hospitais em Paris e inclusivamente para a construção da igreja de St. Jacques de la Boucherie.
A tradição popular afirma que no século XVII foram descobertos na adega da casa que pertenceu a Flamel por uma empregada muitos frascos de grés empoeirados que teve a ideia de recuperá-los. Assim esvaziou o conteúdo num riacho, fazendo perder com a sua ignorância, a preciosa provisão de pó de projecção.
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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