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Temperança


index do verbete


kiema

XIV. A Temperança O Arcano da Inspiração e da Alquimia

Um anjo com rosto feminino derrama o conteúdo de um vaso em outro. O personagem é visto de frente, com o rosto ligeiramente inclinado para a esquerda e para baixo, e o tronco voltado na mesma posição.

Sua vestimenta tem várias cores: azul, de cada lado do corpete, e na metade esquerda da saia; vermelho, nas mangas e na outra parte da saia. As asas são azuis (ou cor de pele, na edição Grimaud). Os pés permanecem ocultos pelas pregas da saia.

A flor no topo da cabeça, o botão amarelo no meio do peito (ou um panejamento dourado, em outras versões), salientam chacras ativos do personagem.

Três linhas onduladas unem os vasos que o anjo segura; o líquido derramado pode representar as energias em transmutação.

Na edição Camoin, a barra do vestido, em amarelo, representaria serpentes entrelaçadas, sob controle do anjo, aos seus pés. Ou seja, representa seu vínculo com a circulação das energias em diferentes níveis de manifestação.

Significados simbólicos

A alquimia, a transmutação dos elementos.

Renovação da vida, influência celeste, circulação, adaptação.

Serenidade. Harmonia. Equilíbrio. Interpretações usuais na cartomancia

Tolerância, paciência, praticidade, felicidade. Aceitação dos acontecimentos, flexibilidade para adaptar-se às circunstâncias. Educação, trato social. Caráter elástico para enfrentar as transformações. Temperamento descuidado.

Mental: Espírito de conciliação, ausência de paixões no julgamento; dá o sentido profundo das coisas, como representante de um princípio eterno de moderação. Exclui a rigidez, o emperramento. Corresponde à flexibilidade e ao plástico.

Emocional: Os seres se reconhecem e se encontram por suas afinidades. Sob a influência desta carta são felizes, mas não evoluem e não conseguirão se livrar um do outro.

Físico: Conciliação nos negócios, atividades e empreendimentos. Pesam-se os prós e contras, encontra-se a maneira de estabelecer um compromisso, mas se ignora se o empreendimento será ou não coroado de êxito. Reflexão, decisão que não pode ser tomada de imediato.

Do ponto de vista da saúde: enfermidade difícil de curar, porque se alimenta de si mesma.

Sentido negativo: Desordens, discordâncias. Indiferença. Falta de personalidade, passividade. Inconstância, humor irregular, desequilíbrio. Tendência a se deixar levar pela corrente, submissão à moda e aos preconceitos. Resultados não conformes às aspirações. Derramamento, saída, fluxo involuntário. As coisas seguem o seu curso.

História e iconografia

A mulher que derrama líquido é uma alegoria muito comum durante a Idade Média para representar a virtude da temperança: supunha-se que misturava água no vinho para diminuir os seus efeitos. Curiosamente, a mesma imagem serviu durante os primeiros séculos do cristianismo para ilustrar o contrário: o milagre das bodas de Canaã, onde a mulher – por ordem de Jesus – vira a água que vai se transformar em vinho.

Com outros significados pode ser encontrada nos versos de Horácio: “O cântaro reterá por longo tempo o perfume que o encheu pela primeira vez”.



Mistura de anjo e mulher, A Temperança evocou sempre, para os investigadores do Tarô, o mito do hermafrodita. Tema recorrente e vastíssimo, por um de seus aspectos – que é o que aqui interessa – a androginia tem sido considerada desde tempos antigos como premonição feliz. Isto faz da Temperança uma carta amável, do ponto de vista adivinhatório, cuja presença alivia sempre a densidade do oráculo.

Arcano de reunião, e portanto de equilíbrio – a coniunctio oppositorum, em sua fase anterior à bissexualidade – onde o derramar do líquido já foi interpretado como uma metáfora das transformações: a passagem do espiritual ao físico, do sentimento à razão.

Astrologicamente, não deixa dúvidas sobre sua filiação aquariana, que guarda correspondência com o simbolismo de Indra, divindade hindu da purificação.

Wirth relaciona a androginia da Temperança ao elemento relacionado ao quinto ternário do Tarô, que provém da morte assexuada (XIII) e culmina no Diabo bissexual (XV). É preciso assinalar também sua localização como último termo do segundo setenário, que corresponde à Alma ou psique, plano da personalidade fluente, flexível e instável na natureza, relacionada às águas em quase todas as teofanias, assim como o Espírito é associado à luz (fogo, ar) e o Corpo à terra.

O tema do derramamento e dos vasos gêmeos e opostos dominam, por outro lado, as especulações sobre os prodígios terapêuticos. Neste aspecto, o Arcano XIIII é claramente o curador, o agente reparador e reconstituinte, aquele que verte a harmonia universal sobre o desequilíbrio individual. Como o Eremita, lembra os médicos, curandeiros e charlatães; mais ainda, lembra conselheiros, confessores e terapeutas.

Resta estabelecer uma leitura da Temperança no contexto do interminável simbolismo aquático, pois refere-se à matéria unívoca (o oceano primordial), à corrente circulatória que mantém a vida (chuva, seiva, leite, sangue, sêmen), à mãe (as águas como elemento pré-natal) e às imersões como rito de morte e ressurreição (batismo).

chevalier & Gheerbrant



A temperança significa o domínio do desejo, a moderação, o comedimento: esta moderação que, cromaticamente, é dada pela cor violeta. Feita da junção do vermelho e o azul, que predominam na carta do Tarô, ela é também o casamento do activo e do passivo, que simbolizam o mistério da criação, invisível e secreto.

Com o décimo quarto arcano maior do Tarô, cuja origem é a Força (XI) e o complemento é a Justiça (VIII), estamos na presença da quarta virtude cardeal. Há várias interpretações. A temperança, ou as Duas Urnas ou o Génio solar, exprime a involução (Enel); a retribuição (Jolivet-Castelot); o freio, a aparagem (M. Poinsot); a organização oportuna ou não (J.R. Bost); a acção, o esforço, a utilização das oportunidades, a direcção, os processos desfavoráveis, a hostilidade das forças tradicionais (Fr. Holt-Wheeler); a serenidade, o carácter de acomodação, a filosofia prática, a submissão que se sabe dobrar ás circunstâncias ou á indiferença, a falta de personalidade, a tendência a deixar-se levar pela corrente das coisas e a submissão à moda e aos preconceitos (O. Wirth).

Mais é importante observar atentamente a carta. É uma mulher de cabelos azuis, vestida com uma longa saia metade azul, metade vermelha. Tem na mão esquerda um pote azul: verte o seu líquido branco no pote vermelho que segura mais abaixo com a mão direita. Somos tentados a vêr neste gesto uma alusão à destilação, à purificação, à evolução da matéria, pois esta carta é geralmente considerada como o símbolo da alquimia. O sujeito, morto e purificado, como nos recordou o décimo terceiro arcano é submetido à ablução, e ela fá-lo passar do negro ao cinzento e, por fim, ao branco, que marca o êxito da primeira grande parte da Grande Obra. É a entrada do espírito na matéria, o símbolo de todas as transfusões espirituais. O gênio alado realiza e encarna no plano material as obras da Justiça, mas não cria nada por si mesmo. A Temperança contente-se em passar, de um recipiente para outro, um líquido ondulante que permanece o mesmo, sem que já mais se perca uma gota. Só o vaso muda de forma e de cor. Não será, como observámos a propósito da serpente, o simbolo do dogma da Reencarnação ou da transmigração das almas? Basta recordar que em grego clássico o acto de deitar de um vaso para o outro era tido como sinónimo de metempsicose. Assim, entre a Morte (XIII) e o Diabo (XV), a Temperança alada faz-nos lembrar a grande lei da eterna circulação dos fluídos da vida, no plano cósmico, e, no plano psicológico, a necessidade do difícil equilíbrio interior que devemos manter entre os dois pólos do nosso ser, feito metade vermelho e metade azul, metade terra e metade céu. Se o líquido que cai de um vaso para outro tem ondulações que nada têm a ver com as leis físicas, é porque a serpente é aqui, mais uma vez, o símbolo da passagem indefinidamente recomeçada, de um mundo para o outro.

pjm



A Temperança é um arcano maior do Tarot. É o 14º arcano de todos os 22 arcanos maiores e está relacionada à letra hebraica Sameck.

simbologia

Um anjo com rosto feminino derrama o conteúdo de um vaso em outro. O personagem é visto de frente, com o rosto ligeiramente inclinado para a esquerda e para baixo, e o tronco voltado na mesma posição.

Sua vestimenta tem várias cores: azul, de cada lado do corpete, e na metade esquerda da saia; vermelho, nas mangas e na outra parte da saia. As asas são azuis (ou cor de pele, na edição Grimaud). Os pés permanecem ocultos pelas pregas da saia.

A flor no topo da cabeça, o botão amarelo no meio do peito (ou um panejamento dourado, em outras versões), salientam chacras ativos do personagem.

Três linhas onduladas unem os vasos que o anjo segura; o líquido derramado pode representar as energias em transmutação.

Na edição Camoin, a barra do vestido, em amarelo, representaria serpentes entrelaçadas, sob controle do anjo, aos seus pés. Ou seja, representa seu vínculo com a circulação das energias em diferentes níveis de manifestação.

Palavras-chave

A alquimia, a transmutação dos elementos. Renovação da vida, influência celeste, circulação, adaptação. Serenidade. Harmonia. Equilíbrio. Tolerância, paciência, praticidade, felicidade. Aceitação dos acontecimentos, flexibilidade para adaptar-se às circunstâncias. Educação, trato social. Caráter elástico para enfrentar as transformações. Temperamento descuidado.

Mental: Espírito de conciliação, ausência de paixões no julgamento; dá o sentido profundo das coisas, como representante de um princípio eterno de moderação. Exclui a rigidez, o emperramento. Corresponde à flexibilidade e ao plástico.

Emocional: Os seres se reconhecem e se encontram por suas afinidades. Sob a influência desta carta são felizes, mas não evoluem e não conseguirão se livrar um do outro.

Físico: Conciliação nos negócios, atividades e empreendimentos. Pesam-se os prós e contras, encontra-se a maneira de estabelecer um compromisso, mas se ignora se o empreendimento será ou não coroado de êxito. Reflexão, decisão que não pode ser tomada de imediato. Do ponto de vista da saúde: enfermidade difícil de curar, porque se alimenta de si mesma.

Sentido negativo: Desordens, discordâncias. Indiferença. Falta de personalidade, passividade. Inconstância, humor irregular, desequilíbrio. Tendência a se deixar levar pela corrente, submissão à moda e aos preconceitos. Resultados não conformes às aspirações. Derramamento, saída, fluxo involuntário. As coisas seguem o seu curso.

História e iconografia

A mulher que derrama líquido é uma alegoria muito comum durante a Idade Média para representar a virtude da temperança: supunha-se que misturava água no vinho para diminuir os seus efeitos. Curiosamente, a mesma imagem serviu durante os primeiros séculos do cristianismo para ilustrar o contrário: o milagre das bodas de Canaã, onde a mulher – por ordem de Jesus – vira a água que vai se transformar em vinho.

Com outros significados pode ser encontrada nos versos de Horácio: “O cântaro reterá por longo tempo o perfume que o encheu pela primeira vez”.

Mistura de anjo e mulher, A Temperança evocou sempre, para os investigadores do Tarot, o mito do hermafrodita. Tema recorrente e vastíssimo, por um de seus aspectos – que é o que aqui interessa – a androginia tem sido considerada desde tempos antigos como premonição feliz. Isto faz da Temperança uma carta amável, do ponto de vista adivinhatório, cuja presença alivia sempre a densidade do oráculo.

Arcano de reunião, e portanto de equilíbrio – a coniunctio oppositorum, em sua fase anterior à bissexualidade – onde o derramar do líquido já foi interpretado como uma metáfora das transformações: a passagem do espiritual ao físico, do sentimento à razão.

Astrologicamente, não deixa dúvidas sobre sua filiação sagitariana, que guarda correspondência com o simbolismo de Indra, divindade hindu da purificação.

Wirth relaciona a androginia da Temperança ao elemento relacionado ao quinto ternário do Tarot, que provém da morte assexuada (XIII) e culmina no Diabo bissexual (XV). É preciso assinalar também sua localização como último termo do segundo setenário, que corresponde à Alma ou psique, plano da personalidade fluente, flexível e instável na natureza, relacionada às águas em quase todas as teofanias, assim como o Espírito é associado à luz (fogo, ar) e o Corpo à terra.

O tema do derramamento e dos vasos gêmeos e opostos dominam, por outro lado, as especulações sobre os prodígios terapêuticos. Neste aspecto, o Arcano XIIII é claramente o curador, o agente reparador e reconstituinte, aquele que verte a harmonia universal sobre o desequilíbrio individual. Como o Eremita, lembra os médicos, curandeiros e charlatães; mais ainda, lembra conselheiros, confessores e terapeutas.

Resta estabelecer uma leitura da Temperança no contexto do interminável simbolismo aquático, pois refere-se à matéria unívoca (o oceano primordial), à corrente circulatória que mantém a vida (chuva, seiva, leite, sangue, sêmen), à mãe (as águas como elemento pré-natal) e às imersões como rito de morte e ressurreição (batismo).

tcom



After the trauma of The Hanged Man and Death, we come to a symbol of peace and tranquility. Temperance is shown filling with the waters of new life the empty vessel left by the death of the ego. Losing the ego means stripping ourselves of misconceptions, pride, and the attachments and aversions we habitually show toward the transient experiences of material life. But once the ego is lost, something must be allowed to take its place. We cannot become hollow men and women, vulnerable to being invaded by a new ego of spiritual pride. The true reality inside ourselves has not yet had time to fill our whole being. Temperance therefore provides us with the sustenance we need in order to go further.

Divinatory meaning: skilful combination of circumstances achieved or necessary, circumspection, moderation. Reversed: inept combination of circumstances, competing interests, excess.
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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