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S001a Strickland, Arte Comentada
index do verbete
STRICKLAND, CAROL & BOSWELL, JOHN. Arte Comentada. 6ª ed., São Paulo : Ediouro, 2001, 197 pp., trad. Ângela Lobo de Andrade. Ficha de leitura.
HISTÓRIA DA ARTE
DA PRÉ-HISTÓRIA À IDADE MÉDIA.
1 “os primeiros objetos artísticos não foram criados para adornar o corpo ou para decorar cavernas, mas como tentativa de controlar ou aplacar as forças da natureza. Os símbolos de animais e de pessoas tinham significação sobrenatural e poderes mágicos” [4].
2 Vênus de Willendorf: 25000 a.c.. Pinturas em cavernas, Lascaux, 15000 a.c.. Pirâmides, 2600 a.c.. Stonehenge, 2000 a.c.. 1ª Olímpiada, 776 a.c.. Partenon (img1, img2, img3 e este excelente vídeo com a história do Parthenon dirigido por Costa-Gavras), 448-432 a.c. (governo de Péricles). Vênus de Samotrácia, 190 a.c. (aqui). Panteon (img1, img2, img3), 25. Coliseu (img1, img2) 82. Santa Sofia (img1, img2, img3, img4) 532-537.
3 Igrejas romanas (img1, img2): 1000-1200. Estilo gótico (img1, img2, img3, img4, img5) : 1200-1500. Giotto: 1305.
4 Arte egípcia (v. por exemplo, o vb. Osíris): padrões rígidos, sem perspectiva, anatomia no máximo aproximada, pose rígida bissimétrica sempre frontal, tamanho da figura indicando sua posição social. 3000 anos sem modificações: preocupação predominante com a imortalidade levando a cultura estática.
5 Grande Pirâmide. Base de 52 km2, um quadrado perfeito, tão bem nivelado que o desnível não ultrapassa 1 cm de um lado a outro. 2.300.000 blocos de calcário pesando em média 2,5 toneladas. Tempo estimado da construção 23 anos.
6 Tutankamon não foi importante em vida, mas 3 mil anos depois é o faraó mais famoso, graças à descoberta da tumba intacta. A turnê mundial foi a exposição que mais atraiu visitantes na história.
GRÉCIA.
7 Grécia. Péricles, 480-430 a.c.. Protágoras: o homem é a medida de todas as coisas.
8 Período geométrico, c. 800 a.c.. Pintura em cerâmica, período arcaico, 550 a.c., estilo figura negra (sobre fundo vermelho). Depois estilo figura vermelha (sobre fundo preto) c. 490 a.C..
9 Introduziram o nu na arte (inicialmente só homens nus). Mármore pintado. Princípio do contrapposto na escultura, apoio do peso numa perna e o corpo segue esse alinhamento.
10 Estilo severo: no período clássico, qualquer que fosse a violência da cena retratada, os traços fisionômicos eram impassíveis. Kouros: homem jovem, nu; kore: moça jovem, vestida (img). Arte clássica, 480-323 a.c.: auge da arte e arquitetura (exemplos de colunas das três ordens de arquitetura grega: img1).
11 Arte helênica: 323-31 a.c.: estilo derivado do grego, se espalhou pelo mundo; mais melodramático (Laocoonte, 50 a.c. (img).
12 Pintavam figuras estilizadas flutuando no espaço.
13 Temas: mitologia, e o homem.
ROMA
14 Mosaicos, escultura cívica idealizada. Copiava o estilo grego. Os seres humanos eram retratados realisticamente, mas as autoridades eram idealizadas.
15 Edifício mais famoso: Panteon (img1, img2, img3, img4). Prédios cívicos, em vez de templos. Usavam concreto e fachada ornamental. Inventaram o arco redondo e as abóbadas (img). Colunas de ordem coríntia (img1).
16 Pintavam imagens realistas usando perspectiva.
17 Tema: líderes e triunfos do Estado (img).
IDADE MÉDIA.
18 Do séc. V ao XV. 1º período Idade das Trevas, 565 (queda de Justiniano) a 800 (Carlos Magno)
19 Os artistas se especializaram em representar a figura humana em espaços realísticos, mas com o triunfo do cristianismo o interesse pelo corpo e pelo mundo declinou. A pintura e a escultura tornaram-se estilizadas, só serviam para ensinar religião e adornar catedrais. A ênfase se deslocou do ‘aqui e agora’ para o além, e da concepção de corpo belo para a de corpo corrupto.
20 Três estilos sucessivos: bizantino, romano e gótico.
Bizantino
21 Mediterrâneo oriental, 330 (transferência da capital do império romano para bizâncio) até 1453 (queda de constantinopla).
22 Mosaicos de vidro brilhante, temas religiosos, cubos grandes, desenhos estilizados, fundo abstrato (img1, img2, img3). Estilo “congelado”.
23 Hagia sofia, 532 (img1, img2, img3, img4).
Romana
24 1050-1200, proliferação de igrejas. Ênfase horizontal, altura modesta das construções, planta em múltiplas unidades, arco redondo, suporte em pilastras ou paredes, abóbadas em cilindro, ambiente simples, severo, escuro, solene (img1, img2).
25 Giotto, 1305 (Nolli me tangere), formas suaves, vivas, sugestão de peso e curvas nas formas humanas, sugestão de estrutura anatômica sob os drapeados.
26 Códices iluminados (img1, img2, img3). [1]
Gótico.
27 1200-1500. Catedral, bíblia de pedra, renda petrificada (img1, img2, img3, img4, img5).
Rosácea da basílica de Saint-Denis. O tema é a Criação, com Deus no centro, os seis dias da Criação no segundo círculo, o Zodíaco no terceiro círculo representando a harmonia da ordem celeste e, no círculo maior, os trabalhos dos homens que representam a ordem da terra. Tudo se expande e difunde a partir da irradiação do Bem. Disponível em: http://www.ricardocosta.com/pub/suger.htm - Acesso em: 25/02/2010. (apud C010i)
28 Ênfase vertical, altura exagerada, planta em espaço unificado, arco ogival, suporte em contrafortes externos (arcobotantes), abóbadas estriadas com arestas e traves, ambiente leve, claro, ricamente decorado com esculturas. Paredes leves com amplos vitrais (v. Elementos de estilo nas catedrais góticas).
29 Esculturas, primeiro alongadas, com traços naturalistas (Chartres, 1145) (img), depois mais arredondadas e naturais (Reims, 1225) (img).
30 Na pintura, corpo humano era uma coluna linear.
RENASCENÇA
31 1400-1789. Renasceu a arte parecida com a vida, volta do interesse do sobrenatural para o natural. Começou em Florença.
32 Inovações técnicas: a) passa-se da pintura a têmpera em madeira, e do afresco em paredes, para a pintura a óleo sobre telas; b) uso da perspectiva (descoberta 1420) [2]; c) uso de luz e sombra (chiaroscuro) em vez de linhas desenhadas (serve para modelar e dar ilusão de relevo escultural, as partes claras emergem das áreas escuras); d) pintura composta piramidalmente (antes as figuras eram rígidas em perfil, ou se agrupavam numa grade horizontal no 1º plano; na Renascença se usou composição simétrica com clímax no centro, como na Gioconda (img)).
33 1ºs artistas: Masacio, 1401-28. ‘O dinheiro do tributo’ (img): perspectiva, fonte coerente de luz, forma humana tridimensional, com peso. Donatelo, 1386-1466, escultura natural com contrapposto, estrutura óssea subjacente (Davi, 1430, 1º nu em tamanho natural (img); Maria Madalena idosa, enrugada (img)). Ambos: realismo tridimensional. Boticelli, 1444-1510: estilo decorativo, linear, retrocesso ao bizantino, mas com nus, renascimento de vênus, 1482 (img), volta da mitologia.
Renascença italiana.
34 Gioconda, 1503 (img). Michelangelo: pinta a Capela Sistina 1508 (img1, img); Juízo Final de 1534-1541 (img1, img2, img3). Alta Renascença de 1500 a 1520. Depois, maneirismo. El Greco, 1577 (img1, img2, img3, img4);
35 Leonardo, 1452-1519. Modelo do homem na Renascença: múltiplos talentos. Belo, charmoso, inteligente, multitalentoso, cantava bem, encantadora conversação, alpinista, inventor, músico, transformou o status do artista, que deixou de ser um artesão para ser um deus, um popstar. Curiosidade indomável que não permitia concluir projetos. Menos de 20 trabalhos sobreviveram. A Gioconda, A última ceia, 1495, O batismo de Cristo.
36 Michelângelo, 1475-1564. Solitário e infeliz, trabalhou até quase aos 90 anos. Não ensinava e não deixava que o vissem trabalhar. Fez a pietá aos 23 anos (1498) (img). Libertava a figura do mármore que a aprisionava. Empregado dos Médici.
37 Rafael, 1483-1520, o mais popular, rico, bonito, bem sucedido, gregário, tinha 50 aprendizes, vivia cercado de uma corte. Escola de atenas, 1510 (img). Morreu de febre aos 37 depois de um encontro amoroso à meia noite.
38 Ticiano, 1490-1576, bacanal dos adrianos, 1518 (img), cores vivas, ficou quase cego. Pai da pintura moderna: cores fortes, contrastantes, amplas formas femininas, composição assimétrica.
39 Características da pintura da Renascença italiana: beleza ideal, formas simplificadas e proporções exatas, temática de cenas religiosas e mitológicas, nus masculinos heróicos, retratos formais e reservados, baseada na teoria, composição estática e equilibrada, simétrica e com o peso dirigido para o centro.
Arquitetura da Renascença
40 Os 4 pilares da arquitetura da Renascença: a) tem como fonte arquitetura de roma; b) segue regras estéticas rígidas, consideravam-se estudiosos; c) razão, substituindo a mentalidade mística da idade média; d) aritmética como fonte da beleza e da harmonia, uso das formas geométricas. Nomes: Bruneleschi, Bramante, Palladio.
Renascença do norte
41 Características da pintura da Renascença do norte (Flandres-Bélgica e Holanda): realismo intenso, traços honestos sem idealização, cenas religiosas e domésticas, retratando comerciantes prósperos, retratos mostrando a personalidade. Óleo sobre madeira, composição complexa irregular. Natureza retratada realisticamente nos mínimos detalhes. Jan van Eyck, ‘bodas de arnolfini’, 1434 (img). Bosch, 1450-1516, pintura moralista, imaginação bizarra, jardim das delícias, 1500 (img1, img2, img3, img4, img5). Bruegel, 1525-69, pintou de forma satírica a vida cotidiana dos camponeses, ilustrou provérbios (img1, img2).
Renascença germânica.
42 Holbein, 1497-1543, retratos de príncipes (img), um dos maiores retratistas de todos os tempos. Unia o melhor da técnica do sul (forma escultural, equilíbrio da composição, perspectiva, chiaroscuro) ao melhor da técnica do norte (técnica de linhas, precisão realista); pintor da corte de Henrique VIII. Alberto Dürer, 1471-1528, 13 auto-retratos, elevou a gravura ao estado de arte maior, desenvolveu a litogravura, foi a estrela da Renascença do norte (img1, img2, img3). Altdorfer, 1480-1538, foi o 1º a pintar puras paisagens (img).
MANEIRISMO
43 1520-1600. Atingida a perfeição pela alta Renascença, veio o impasse, necessidade do esforço de originalidade. Resposta: trocar harmonia por dissonância, a razão pela emoção, a realidade pela imaginação, o equilíbrio pela instabilidade. Exageravam a perfeição da beleza ideal. Composição oblíqua, vazio no centro, figuras concentradas nas bordas. Retrato de um tempo de caos e desordem. O centro não pode suportar, perdeu-se a fé unificadora. Figuras que tremem e se torcem, distorcidas, tensão, movimento, iluminação irreal. Pontorno (louco) (A deposição), Rosso (sinistro, Sant’Anna desfigurada), Bronzino, Parmigiano, Cellini, Tintoretto (Vênus, Marte e Vulcano).
44 El Greco é caso à parte (img1, img2, img3), elementos clássicos, cores vívidas de Ticiano, iluminação dramática de Tintoretto, luz sobrenatural, espectral, quadros surreais, intensos, emocionais, refletindo o fanatismo religioso, cores adstringentes, figuras distorcidas, alongadas, movimento espiralado, não representava o mundo mas criava uma visão emocional do êxtase.
BARROCO
barroco em geral
45 1600-1750. Estilo suntuoso, superornamentado, superelaborado, ostentação, juntando a técnica avançada da Renascença com a emoção, a intensidade e a dramaticidade do maneirismo. Exuberância dramática, teatral. Ênfase na emoção em vez de racionalidade, no dinâmico em vez do estático. O barroco é a arte da Renascença posta num redemoinho.
46 Tiepolo (The Procession of the Trojan Horse in Troy). Rembrandt, 1642, (Troca da Guarda, auto-retrato I, auto-retrato II); Velazques, (as meninas, 1656, Papa Inocêncio X). David lança o neoclássico, 1784 (Juramento dos Horácios, Morte de Sócrates). Mozart compõe para Francisco José II, 1787.
47 Artemisia Gentileschi, 1593-1653. 1ª mulher conhecida como pintora. Estudante de arte, aos 19 foi estuprada por um colega e submetida a um julgamento humilhante, foi torturada para se retratar da acusação. O estuprador foi absolvido e ela se dedicou a pintar mulheres em violenta cenas de vingança contra homens que se aproveitaram delas. (‘Judite e sua criada com a cabeça de holoferhes’). Pintou a heroína judia em 5 versões diferentes decapitando o lúbrico general babilônico. Em todas ela aparece em auto-retrato representando Judite.
48 Bernini, Gianlorenzo, 1598-1610. Escultor, arquiteto, teatrólogo, compositor de ópera, caricaturista, cenógrafo, pintor. Projetou a Basílica de s. pedro. Esculpiu um David arremessando, expressando força prestes a ser libertada, que ameaça irromper da pedra. Esculpiu ‘o êxtase de santa tereza’ (img1, img2), auge da escultura barroca, e projetou uma capela para ostentá-la (pintura, escultura, decoração, arquitetura integradas, multimídia). S. tereza tinha visões e dizia ter sido trespassada pelo dardo de um anjo que lhe infundiu o amor divino: ‘a dor foi tão grande que gritei, mas ao mesmo tempo senti uma doçura tão infinita que desejei que a dor durasse para sempre’.
49 Borromini, 1599-1667, maior arquiteto, paredes ondulantes, justaposição de superfícies côncavas e convexas, paredes que parecem vivas, serpenteando em movimento. Foi cortador de pedra para Bernini e se tornaram inimigos. Suicidou-se.
Caravaggio.
50 Conversão de s. paulo, 1601; seus seguidores eram chamados os tenebrosos. Secularizou a arte religiosa fazendo os santos parecerem gente comum (escolhia tipos suspeitos da classe baixa para modelos), e os milagres parecerem eventos do cotidiano. Um novo patamar para o realismo, o sobrenatural vira real. Ambientes sórdidos. Chamado de são mateus num bar, como também a Ceia de Emaús. Usa a perspectiva para trazer o espectador para dentro da cena. Um só foco de luz crua chama atenção para a força do evento, as reações dos personagens, elementos não essenciais desaparecem no fundo escuro. Contrastes de luz e sombra captura emoções e intensifica o impacto emocional (O beijo de Judas, Abraão, São Tomé, São Jerônimo, Sepultamento de Cristo, Narciso). Encenação teatral.
51 O 1º artista punk. Procurado por homicídio, brigas em bares, longa ficha policial, de cidade em cidade causando problemas. Procurou chocar intencionalmente. Usou uma afogada como modelo para a ‘morte da virgem’. Afirmava que as vielas e a gente desprezível que pintava eram a única fonte verdadeira da arte. Morreu aos 37.
Barroco flamengo
52 Peter Paul Rubens, 1577-1640. Rico, sociável, popular, aclamado em vida. Ateliê que parecia fábrica, dezenas de assistentes. ‘A descida da cruz, 1612’. Nus rechonchudos Adão e Eva. Inventou a pintura de caça. Pintou em 21 óleos colossais a vida de Marie de Médici em gloriosas e falsas cenas épicas. Mais de 2000 quadros, só equiparado por Picasso.
53 Van Dyck, 1599-1641. Famoso desde os 16, rico e esnobe, aprendiz de Rubens. Criou o retrato formal informal, humanizando o retratado, em cenários, com movimento contido, fazendo parecer que o modelo fazia uma pausa e não uma pose (img). Pintava a proporção cabeça/corpo em 1/7 em vez de 1/6, para tornar o modelo mais alto e esbelto.
Barroco holandês
54 160-1670. A holanda, ao contrário de Flandres, era democrática e protestante. Não havia mecenato. Primeira vez que o pintor teve de viver à mercê do mercado. Surgiu um mercado de arte para decoração, a classe média tinha acesso à arte. Florescimento da natureza morta e surgimento da pintura de paisagem como gênero. ‘Pequenos holandeses’, para diferenciar dos ‘grandes’ (abaixo). Ruisdael, 1629-82, cenas de grande céu.
55 Hals, 1580-1666, o mestre do momento, do instantâneo. Não escondia as pinceladas, pintava alla prima, captava o imediatismo do momento, avivava, em vez de preservar, o modelo, apanhava o modelo num momento de alegre diversão (img).
56 Rembrandt, 1606-69. Mundialmente famoso, rico, popular, temperamental, retratista. Fase inicial, retratos, sucesso de vendas, contrastes dramáticos de luz e sombra, desenho parece saltar da tela, cenas de grupos de figuras, baseado em ação física, tom vigoroso, melodramático, acabamento preciso, técnica detalhada. Segunda fase, estilo tardio, depois de 1642, morte da esposa, depois de morrerem 3 filhos recém-natos. Deixou os retratos, voltou-se para temas bíblicos, vermelho e marrom e solidão, sombreado sutil, atmosfera estática, pensativa, cenas simplificadas com figura única, reação psicológica em vez de ação física, clima silencioso, solene, pinceladas cada vez mais largas e grossas, desenhando na tinta molhada com o cabo do pincel. Pintou quase cem auto-retratos, desde muito jovem até bem velho, mostrando a evolução da sua técnica e da investigação interna de si, o foco no interior do homem (v. Rembrandt - galeria de obras [3].
57 Vermeer, 1632-1675. Menos de 40 quadros. Morreu falido, deixando mulher e 11 filhos. O melhor na técnica de dominar a luz, mestre da luz, intensidade de brilho jamais vista, composições perfeitamente equilibradas, de formas retangulares, serenas, estáveis. Quadros sem história, paixão ou evento, cenas triviais do dia a dia. Seu tema verdadeiro é a luz, quase palpável, caindo sobre as superfícies da imagem. Tinta aplicada em esfregadelas, ou pontilhados, dando textura tridimensional. V. Vermeer - galeria de obras.
Barroco inglês.
58 Hogarth, artista como crítico social. Inventor da charge política (cartum) (img). Gainsborough, retratos com poses casuais em ambiente natural, valorizando a paisagem (The Blue Boy). Reynolds, retratos com dignidade senhorial, poses e trajes de deusas e santas, cenários da antiguidade clássica.
Barroco espanhol
59 Velázquez, 1599-1660. Precoce, mestre aos 18, retratos com realismo visual máximo, mas sem precisão linear, sem linhas visíveis. Formas criadas com pinceladas fluidas, aplicava focos de luz e cor, precursor do impressionismo. Simplicidade e objetividade, sem estilo pretensioso, modelos com dignidade e realidade. Moderação e realismo. Pinceladas soltas que vistas de perto parecem se desmanchar em borrões de tinta. ‘É feito de nada, e está aí’.
60 Pintou ‘As Meninas’, 1656, eleito em 1985 por um júri indicado pelo Illustrated London News como a maior obra de arte da história. ‘Papa Inocêncio X’, retrato mais famoso. V. Velázquez - galeria de obras.
Rococó
61 França, 1723-1760, reinado de Luis XV.
62 Estilo de decoração ricamente ornamentado, exagerado, não-funcional. Clima leve, superficial, cheio de energia, marchetaria elaborada, espelhos enormes, curvas sinuosas, arabescos, floreados semelhantes a fitas, estilo delicado, cores branco, prata, ouro, tons suaves de azul e rosa. Pintura de piqueniques da nobreza. Watteau (img). Fragonard. Boucher, que se recusava a pintar a vida dizendo que a natureza era ‘verdade demais e mal-iluminada’ ([rel:/
les/François-Boucher-Art-The-Interrupted-Sleep-1750.jpg>l |img]).
SÉCULO XIX: O NASCIMENTO DOS ISMOS
63 Revolução industrial, ocaso das monarquias, perda do poder da igreja, industrialização, urbanização, pobreza, capitalismo, progresso científico.
64 As tendências e estilos não mais perduram por séculos, mas brotam a toda hora. As eras viram ismos.
65 Começo do séc. xix: neoclassicismo, romantismo e realismo competem. Fim do séc.: impressionismo, pós-impressionismo, art. nouveau, simbolismo.
Neoclassicismo.
66 1780-1820. reviveu-se o classicismo. Fé na lógica e na razão. Arte politicamente correta, incita ao heroísmo e virtudes cívicas. Arte para inspirar virtudes enobrecedoras na república. Arte séria, temas da mitologia ou da história antiga em vez das cenas frívolas da aristocracia. O princípio substituindo o prazer. Pintura com mensagem moral de patriotismo. A razão, não a emoção, deve ditar a arte.
67 O desenho e a linha apelam ao intelecto, em vez da cor, que excita os sentidos.
68 Composição simples, sem melodrama, figuras severas, simetria, linhas retas. Sem vestígio das pinceladas. Ordem e solenidade. Um novo estoicismo.
69 David: pintando o passado. Buscava um estilo grego puro. Arte propaganda da república. Juramento dos horácios, 1784. Quando os revolucionários que apoiava caíram em desgraça tornou-se pintor de napoleão. Marat, 1793 (Juramento dos Horácios, Morte de Sócrates).
70 Ingres, 1780-1867. criança prodígio, aprendiz de David. Tinta lisa como casca de cebola, pinceladas invisíveis. O desenho é a probidade da arte. Desenhar muitas linhas. Cores quentes são anti-históricas. Inimigo de Delacroix e dos românticos. Acuidade fotográfica (img1, img2, img3).
Goya
71 1746-1828. Sem ismo. Começou pintando retratos da realeza. Ficou surdo 1792. Pinturas criticando simbolicamente os vícios da igreja e do estado, e escandalosamente os horrores da guerra. 3 de maio de 1808, 1814. Pinturas negras no fim da vida, Saturno/Cronos devorando seu filho.
2 Romantismo
72 1800-1850. o poder da paixão. O sentimento é tudo [goethe]. Era da sensibilidade. Emoção, imaginação e intuição em lugar de objetividade racional. O artista deve pintar não só o que vê à sua frente mas também o que vê dentro de si (Caspar David Friedrich]. Byron, keats, shelley, chopin, schubert. O homem e a natureza são tocados pelo sobrenatural e é possível vislumbrar sua divindade interior. Inspiração na era medieval e barroca, no oriente médio e no extremo oriente. Tom subjetivo, inconformista. Cor solta, profunda, rica em tons. Temas: lendas, exotismo, natureza, violência. Pinceladas rápidas, contrastes fortes de luz e sombra. composição diagonal.
73 Gericault, 1791-1824, lançou o romantismo com ‘a balsa do medusa’, 1818, baseada numa história real que investigou a fundo. Vida extrema, morreu aos 32.
74 Delacroix, taciturno, solitário e doente. O homem de verdade é o selvagem. Tornou a cor, principalmente os tons vibrantes e adjacentes, o meio indispensável de modelar formas. Captar a essência da realidade em vez de reproduzi-la com precisão. ‘tinha um sol na cabeça e tempestades no coração’ (img1, Entrada dos cruzados em Constantinopla, Combate do Paxá).
75 Constable, 1776-1837, paisagens bucólicas, passeios da infância romantizados. O céu era o principal órgão do sentimento numa pintura. O 1º a pintar ao ar livre (img, img). Queria pintar realisticamente. Pinceladas brancas para simular o tremeluzir da luz na superfície (neve de Constable). Pontos vermelhos nas folhas para dar movimento.
76 Turner, 1775-1851. Pintava a natureza crua, incêndios e tempestades. Depois evoluiu para um estilo luminoso e quase abstrato. Chuva, vapor e velocidade, 1844. Antecipou a arte moderna, em que a pintura em si é o único tema (The fighting Temeraire, Aproach to Venice).
Realismo.
77 Sobriedade emudecida.
78 Daumier, ‘o vagão de terceira classe’, 1862.
79 Courbet. Só pintava o que via. O que não aparece na retina está fora do domínio da pintura. O heroísmo da vida moderna das pessoas comuns ocupadas em tarefas cotidianas. ‘Enterro em Ornans’. ‘Interior do meu ateliê’, 1854, recusada pelo júri. Courbet construiu uma galeria particular, num galpão, chamando-a ‘pavilhão do realismo’. Foi a 1ª exposição individual (img).
80 Whistler, 1834-1903. A pintura é antes de tudo uma superfície vazia coberta de cores e padrões variados. Seus retratos não representam um tema, mas são experiências com desenho decorativo. O desenho existe em si e por si, e não para descrever um tema ou contar uma história. Vou nascer quando e onde eu quiser. ‘Arranjo em cinza e preto’, 1872. ‘Noturno em preto e ouro’, 1875.
Art nouveau
81 1890-1914. formas torcidas, floridas, linhas sinuosas, curvas do tipo trepadeira. Nenúfar aquático era marca registrada. Gaudí, beardsley (Hermafrodita, Vênus entre os deuses terminais, Os sapatos de Cinderela, Merlin, O Rei Artur e a Dama do Lago, Excalibur no Lago, Salomé e a cabeça do Batista, O prêmio da dançarina). Decadência do fim de século.
Impressionismo
82 França, 1860-1886. Rejeição da perspectiva, da composição equilibrada, da figura idealizada, do chiaroscuro. Representação de sensações visuais imediatas através da luz e da cor. Objetivo: apresentar uma impressão, as percepções sensoriais iniciais registradas num breve vislumbre. A luz é volátil, mutante. Criaram uma pincelada curta, cortada, formando mosaico de pontos vivamente coloridos. Até as sombras eram coloridas. Não há conteúdo narrativo discernível, não se faz história na pintura, mas se retrata uma fatia da vida contemporânea ou da natureza. Pintar ao ar livre.
83 Manet. Atualizou temas dos velhos mestre. Pintou cenas contemporâneas com visão crítica. Cores: manchas escuras contra a luz. Preto usado como acento. Escuro no início, colorido no fim da carreira. Estilo: formas simplificadas com um mínimo de modelo, manchas de cor chapada com contorno em preto (Almoço na relva, Olympia, Bar em Folies-Bergere, Flautista).
84 Monet. Temas: marinhas, campos de flores, rochedos, montes de feno, catedral. No fim, nenúfares quase abstratos. Cores: tons solares, cores primárias puras. Estilo: forma dissolvida em luz e clima, contornos suaves. Esquecer os objetos, pintar as formas com suas cores (Water Lillies, Nascer do sol em Paris, Mulher com sombrinha).
85 Renoir. Temas: nus femininos, café-society, crianças. Cores: vermelhos ricos, cores primárias, nada de preto. Estilo inicial: pinceladas rápidas, figuras manchadas, misturadas ao fundo nublado. Estilo final: mais clássico, nus solidamente formados. Pintar com alegria. “Gosto mais da pintura quando ela parece eterna, em sem fazer alarde disso, uma eternidade diária, revelada na esquina: uma menina criada para um instante, enquanto esfrega uma panela, e se torna Juno no Olimpo” /105 (Moulin Gallette, Almoço dos remadores).
86 Degas. Temas: retratos em partes de figuras humanas em pausa após ação; bailarinas (img1, img2), corridas de cavalo, circo. Fase final: nus no banho. Cores: tons vistosos lado a lado, vibração. Pastel suave no início. No fim, vastas lambuzadas de pastéis em cores ácidas. Estilo: ângulos não convencionais, telas assimétricas de centro vazio. A aparência casual era cuidadosamente elaborada, aparentemente casual, mas a estrutura subjacente é composta com firmeza e audácia. “Nenhuma arte foi menos espontânea que a minha. O quadro é uma obra artificial, fora da natureza. Exige a mesma premeditação que a execução de um crime” /106. Misógino, misantropo, solteirão. Pinturas com efeito de fotografia sem pose, congela a figura em movimentos desavisados, situa as figuras informalmente fora do centro, às vezes cortadas pela margem, grandes áreas vazias de espaço de chão à mostra. Fatias de vida que mostram o lado negativo da solidão da vida urbana moderna. “O copo de absinto”, 1876. “Prima Ballerina”. “A arte não pode ser feita com intenção de agradar”. Sobre as mulheres que pintava se banhando, como vistas através da fechadura: “mostro-as destituídas de seus ares e afetações, reduzidas ao nível de animais que se limpam”. “É muito bom copiar o que você vê, mas é melhor desenhar somente aquilo que você ainda vê na sua memória. Então você só reproduz aquilo que o impressionou, ou seja, o essencial”. “As mulheres, de um modo geral, são feias”. O senso de movimento é sempre a primeira preocupação. Quando velho, perdeu a visão, e passou a fazer esculturas em cera. “A pequena dançarina de 14 anos”, 1879. /107
87 Cassat (1845-1926). As figuras dominam o espaço do quadro, mas cercadas de espaço de forma expressiva, explorando o poder visual do espaço entre os objetos (img).
88 Rodin (1840-1917). Expressar os sentimentos internos através da mobilidade dos músculos. A lei secreta da sua arte era o incompleto, o poder de sugestão como princípio estético. Superfícies enrugadas, inacabadas, com supressão do detalhe (O beijo, O pensador, Balzac).
Pós-impressionismo
89 Seurat (1859-1891). Tema: atividades de lazer. Assinatura: cores vivas em pontos minúsculos (pontilhismo). Científico, lógico. Visava sistema de mistura ótica das cores dentro do olho do receptor. Marcas: superfície granulada, figuras estilizadas em aura de luz (irradiação), desenho chapado, preciso (img). “Eles veem poesia no que fiz. Não, aplico meu método, só isso”. Método quase científico. Confetes de cor pura, sem mistura: as cores complementares ou opostas, colocadas lado a lado, se misturam no olho do espectador com maior luminosidade que teriam se misturadas na paleta. Usa cor e linhas como ferramentas de engenheiro, atribuindo certas emoções a certas cores e formas. Pretende obter respostas previsíveis do espectador. Cores quentes (família laranja-vermelho) e linhas que se movem para cima conotam ação e alegria; cores escuras, frias (azul-verde) e linhas descendentes evocam tristeza. Tons médios, equilíbrio quente-frio e linhas laterais evocam calma e êxtase. “Um domingo na Grande Jatte”, 1884. “O circo”, 1891.
90 Toulouse-Lautrec (1864-1901). Tema: vida noturna de cabaré. Fez os primeiros cartazes artísticos usados para propaganda. Decadente e febril, malaise de fin-de-siècle. Desenho esboçado, centro vazio e figuras cortadas nas margens, cores fantásticas, de interior e fora de tom, caricaturas, traços semelhantes a máscaras. “Só a figura conta. A paisagem é, e deveria ser sempre, apenas um acessório”. O mundo visto da altura do cotovelo. Malaise e decadência do período. iluminação forte e cores dissonantes para transmitir a alegria superficial da época e a melancolia subjacente. V. Toulouse-Lautrec - galeria de obras.
91 Cézanne (1839-1906). Tema: naturezas mortas com frutas, paisagens de Mont Sant Victoire. Ênfase protocubista na estrutura geométrica. Analítico, estável, atenção à ordem permanente subjacente. Desenho equilibrado, manchas chapadas, quadradas, de cor em gradações de tom; formas geométricas simples. “Transmitir, seja qual for nosso poder ou nosso temperamento na presença da natureza, a semelhança do que vemos, esquecendo tudo o que apareceu antes de nós”. Novo tratamento das aparências da superfície. Em vez de imitar a realidade como ela aparecia para o olho, penetrava em sua geometria subjacente. “Reproduza a natureza em termos do cilindro, da esfera e do cone”. Por baixo das aparências mutáveis havia uma armadura essencial, imutável. “O apogeu da arte é a pintura de figura”. Inventou a sua própria fusão do real e do abstrato. Libertou a arte da reprodução da realidade, reduzindo a realidade a seus componentes básicos (A mãe do artista, 1867, Madame Cèzane, 1878, Banhistas, 1906, Flores, 1887, Pierrot e Arlequim, 1888, Flores, 1890, Casa de paredes quebradas, 1894, A casa do enforcado em Auvers, 1874, Casas e rua, 1881). /117
92 Gauguin (1848-1903). Tema: nativos do Taiti, camponeses da Bretanha. primitivismo exótico. Simbólico, misterioso. Cor viva para expressar emoção. Formas simplificadas em cores não naturais, contornos fortes em padrões rítmicos. Imaginou um método totalmente novo de pintura, baseado não em sua percepção da realidade, mas em sua concepção dela. Se recusava a reproduzir as aparências superficiais, transformando, ao contrário, as cores e distorcendo as formas para transmitir sua resposta emocional a uma cena. “A vida é cor”. Procurava sensação pura, não contaminada pela civilização. Formas aplainadas, uso arbitrário de cor intensificada para obter impacto emocional e acima de tudo a resposta subjetiva à realidade. Pinturas dos mares do sul. “Visão depois do sermão, ou Jacob lutando com um anjo”, 1888. “Ia Orana Maria”, 1892 (les Alyscamps, 1888, Flores e tapete, 1881, Rochedos na costa da Bretanha, 1888, Autorretrato, 1888, Jacó lutando com o anjo, 1888, Ia Orana Maria, 1891, A refeição, 1891, Tehamana tem muitos pais, 1893, Natividade, 1896, Maternidade, 1899, Três tahitianos, 1899).
93 Van Gogh (1853-1890). Tema: auto-retratos, flores, paisagens, naturezas-mortas. Pinceladas agitadas, em espiral. Apaixonado, vibrante. Reação emocional ao tema através da cor e da pincelada. Impasto grosso em pinceladas cortadas ou faixas onduladas. Formas simples em cores puras, brilhantes, ritmos em caracol sugerindo movimento. Pincelada interrompida e cores fortes complementares do impressionismo, mas com toque original. Queria pintar incorretamente, “para minha falsidade se tornar mais verdadeira que a verdade literal” /120. Uso inortodoxo da cor para sugerir todas as emoções de um temperamento ardente. No sanatório, profundamente perturbado e presa de alucinações, pintou 70 quadros nos seus 70 últimos dias de vida, estaca tecnicamente no auge do talento, em pleno controle de suas formas simplificadas, zonas de cor forte e sem sombras, e do trabalho expressivo de pincel. Cor predileta, amarelo. “Prefiro pintar olhos de pessoas a pintar catedrais, pois tem alguma coisa nos olhos que não tem na catedral”. /121 As formas dos objetos determinam o ritmo do fluxo das pinceladas, de modo que o efeito total é mais de unidade expressiva que de um caos. “Corvos no campo de trigo”, 1890. “A noite estrelada”, 1889. Veja esta Galeria de Obras de Van Gogh.
Expressionismo
94 Distorção da aparência real de um objeto para transmitir a emoção do artista. Quadros intensos, angustiados, com formas violentamente distorcidas e cores estridentes. Drásticos contrastes preto-e-branco, formas cruas e linhas quebradas, expressando as doenças da alma.
95 Munch (1863-1944), quebra da mente. Pintar emoções extremas como o ciúme, desejo sexual e solidão. Objetiva introduzir uma forte reação no espectador, “quero pintar quadros que façam as pessoas tirarem o chapéu com temor respeitoso, como fazem na igreja”. “O grito”, 1893, representa o medo intolerável de perder a razão. Cada linha oscila, se agita, trazendo ritmos turbulentos, sem sossego para o olho. Veja Munch - galeria de obras
96 Die Brücke.
97 Kandinsky, inventor da arte abstrata. V. Kandinsky - galeria de obras.
98 Paul Klee, “Noite Azul”, 1923. (img1, img2, img3, img4).
99 Mondrian (1873-1944), a harmonia dos opostos. “A natureza é um maldito caso perdido”. Objetivo: criar uma ordem precisa, mecânica, ausente no mundo natural. Criar uma arte de ordem e harmonia, qualidades ausentes no mundo revirado pela guerra. Uso de cores primárias (azul, vermelho e amarelo) e três não-cores (preto, branco e cinza). Equilíbrio. Oposição ao culto dos sentimentos subjetivos. V. Mondrian - galeria de obras
Simbolismo
100 Rousseau (1844-1910), “A cigana adormecida”, 1897; A cavalgada da discórdia, 1894. Descartaram o mundo visível, das aparências, em favor do mundo interno, da fantasia. Rimbaud disse que o artista devia ser perturbado para penetrar a verdade mais profunda por baixo dos sentimentos superficiais. Rousseau, o bobo da corte, ingênuo, cria que suas paisagens infantis eram quadros realistas no estilo acadêmico.
101 Odilon Redon (1840-1916). “Sou guiado, como num tormento, para criar alguma coisa imaginária”. Seres improváveis, colocando a lógica do invisível a serviço do visível. Concentra-se em sugerir e não descrever o tema. Amontoados de flores estranhas. “Orfeu”, 1913. V. Redon - galeria de obras .
102 Ryder (1847-1917). Fã de Poe. “De que vale a cor exata de uma novem de tempestade, se a tempestade não está nela?”. Louco, cercado de sujeira e ratos mortos. Ryder - galeria de imagens.
Nascimento da arquitetura moderna
103 No fim do séc. XIX e início do séc. XX a tradição neoclássica dominava com o estilo de domos e arcos e construções pseudogregas. 1º arquiteto modernista: Louis Sullivan: “a forma segue a função”. Inventou o arranha céu. Chicago Auditorium, 1899. Loja de departamentos Carson-Pirie-Scott, 1904 (img1, img2).
Séc. XX, arte moderna
104 “Não o que você vê, mas o que você sabe que está lá” (Picasso). A arte moderna decretou que qualquer tema é adequado, libertou a forma das regras tradicionais (cubismo) e livrou as cores de representar com exatidão os objetos (fauvismo). A arte se afastou da pretensão de retratar a natureza, seguindo na direção da pura abstração: domínio da forma, das linhas e das cores. Titãs gêmeos, duas vias de revolta contra o realismo: Matisse (cor, fovismo) e Picasso (forma, cubismo). Premissa básica da arte do séc. XX: a arte não representa, mas reconstrói a realidade. “É um erro imitar o que se quer criar” (Braque).
105 Fovismo, explosão da cor. Uso de cores se referência à aparência real. Geralmente marinhas ou paisagens externas. Descoberta da arte tribal não europeia. Liberaram a cor do seu papel tradicional de descrever objetos para fazê-la expressar sentimentos.
106 Acusado de negligenciar a aparência natural, Dufy (fovista) respondeu: “A aparência, meu caro senhor, é apenas uma hipótese” /132.
107 Brancusi (1876/1957), escultor. Via a realidade em termos de umas poucas formas básicas, ovo, seixo rolado, folha de grama. Reduziu o formato a essas formas elementares. Não representa o pássaro, mas o conceito de voo. “O real não é a forma externa, mas a essência das coisas” (img).
108 Matisse (1869-1954). Arte da omissão. Simplificar a pintura. “A condensação de emoções ... constitui um quadro”. Desbastar os detalhes irrelevantes, evoluindo do complexo para o simples, do particular para o geral. “A exatidão não é a verdade”. A única verdade que importa, a inerente, não é a aparência externa. Encontrar essa verdade nuclear é buscar um signo irredutível para representar um objeto. Se o signo parece pueril, é sinal de sucesso. “Trabalhei anos para que as pessoas dissessem: ‘parece tão fácil fazer’”. V. Matisse - galeria de obras
109 Picasso (1881-1973). Obra autobiográfica. Cinquenta mil trabalhos. “A feiúra é sinal do esforço do criador para dizer algo novo” (G. Stein). “É necessário copiar os outros, mas copiar a si mesmo é patético”. A qualidade provocativa de toda a arte cubista deriva de sua ambivalência entre representação e abstração. No limite da dissolução do objeto em suas partes componentes, as alusões ao objeto oscilam dentro e fora da consciência. V. Picasso - galeria de obras.
110 Precisionismo, o modernismo da américa. Georgia O’Keeffe (1887-1986). “Ninguém viu uma flor, de verdade. É tão pequena. Não temos tempo. E ver toma tempo. Vou pintar flores bem grandes e as pessoas ficarão surpresas ao passar o tempo olhando para elas” (img). “Descobri que podia falar com cores e formas aquilo que eu não saberia dizer de outro modo – coisas para as quais não tenho palavras”. “City Night”, 1926.
Arquitetura moderna
111 A ciência e a indústria eram quase uma religião. Projetos aerodinâmicos deram forma à idade da máquina. Bauhaus, Gropius (1883-1969). Caixas de vidro que se tornaram clichê mundial. Obliterava a personalidade individual em favor de projetos viáveis para produção em massa. Le Corbusier (1887-1965), máquina para morar. Frank Lloyd Wright (1867-1959), casas com teto de catedral, janelas em casamata, divisão em vários níveis, chão quebrado em planos abertos, formas nítidas retangulares irradiando de um núcleo central (geralmente uma lareira), casas que abraçam a terra e parecem se misturar ao terreno natural.
Dadaísmo
112 Arte entre guerras. O mundo ficou gagá. Subverter toda autoridade e cultivar o absurdo. Escandalizar. Nonsense.
113 Jean Arp (1887-1966). “Uma cruzada para a reconquista da terra prometida da criatividade”. “Declaramos que todo o que vem a ser ou é feito pelo homem é arte”. “Contra tudo, até contra o Dadá”.
114 Schwitters (1887-1948). O que não é arte? Coletava coisas caídas nas ruas e colava em “merz”, “para evitar qualquer semelhança com os quadros, que nos parecem característicos de um mundo pretensioso, satisfeito consigo mesmo”.
115 Duchamp (1887-1968). A concepção da obra de arte é mais importante que o produto acabado. Inventou os readymades (arte pronta) (img). “Se o senhor Mutt fez ou não a fonte com suas próprias mãos, não importa. Ele a escolheu... criou uma nova ideia para esse objeto”. Os readymades abriam as comportas de uma arte puramente imaginária e não apenas retinal. mudou o conceito do que constitui a arte. “A fonte”, 1917.
Surrealismo
116 O poder do inconsciente. Miró (1893-1983). Expressar com precisão todas as fagulhas douradas que a alma solta. “Interior holandês II”, 1920. (Paisagem Catalã, 1924, Campo, 1924, Nu, 1934, Autorretrato.
117 De Chirico (1888-1978). “O que posso amar senão o enigma”. Retratos de medos irracionais. Figuras mínimas, despersonalizadas. “O mistério e a melancolia de uma rua”, 1914. V. De Chirico - galeria de obras
118 Max Ernst (1891-1976). “A mãe macho da loucura metódica”. Alucinou numa febre alta, e descobriu que podia induzir estados alucinatórios mantendo o olhar fixo até sua mente vagar num submundo psíquico. “Nu descendo a escada”, 1912.
119 Marc Chagall (1887-1985). “Eu e a cidade”, 1911.
120 Dali (1904-1989). Técnica da paranoia crítica, investigação da própria neurose. Cultivava intencionalmente ilusões paranóicas a fim de ser um médium para o irracional. “A persistência da lembrança”, 1931. V. Dali - galeria de obras
121 Magritte (1898-1967). “O espelho falso”, 1928. Perturbadoras justaposições de objetos banais em contextos inesperados compelem a uma nova visão da realidade que transcende a lógica. V. Magritte - galeria de obras.
A cena americana
122 Bellows, “Stag at sharkey’s”, 1909.
123 Beton (1899-1975), heróis americanos. “Aço”, 1930.
124 Wood, “American Gothic”, 1930.
125 Edward Hopper, terra da solidão, “Nighthawks”, 1942. V. E. Hopper - Galeria de obras.
Expressionismo abstrato
126 Também chamada pintura de ação e escola de nova York. Compreendia a arte não só como produto da criação artística, mas também como o processo ativo da criação. As obras são eventualidades não premeditadas. Arthur Dove “arte é a forma que a ideia toma na imaginação e não a forma tal qual existe no exterior”.
127 Jackson Pollock (1912-1956). “Nº 1, 1950 (Lavender mist)”, 1950.
128
Expressionismo figurativo
129 Dubuffet (1901-85). L’art Brut. “Minha intenção era revelar que é exatamente o que os outros acham feio, aquilo que se esquecem de olhar, que é de fato o mais maravilhoso” /162. “Vaca com o nariz sutil”, 1954.
130 Bacon (1909-92). Esperava que seus retratos deformados deixassem “um rastro de presença humana, como a lesma deixa a gosma”. “O fato deixa seu fantasma”. Desespero hilariante. Sucessivos cópias/versões do retrato do Papa Inocêncio X, de Velazquez. “Cabeça cercada por cortes de carne”, 1954.
Hard Edge
131 Hard edge, expressionismo de tipo abstrato, minimalista. Abstração calculada, impessoal. Formas simples e contornos rígidos. Quadros precisos e frios, como se feitos à máquina. Proposta de autocancelamento, oposto de autoafirmação. Não quer mostrar a visão interna do artista, o quadro, em vez de dizer “olhem para mim”, diz “olhe para você mesmo”. Não há angústia interna, apenas superfície externa.
132 Noland (1924-), Albers (1888-1976).
133 Kelly (1923-). Não estou interessado em bordas, quero a performance das massas. Coloca uma tensão flutuante entre formas estáticas/dinâmicas e fechadas/abertas. “Azul,vermelho, verde”, 1962, Verde, 1951.
134 Stella (1936-). Poder ver a ideia inteira, sem confusão. Desfazer a ilusão de que o quadro é uma janela num espaço ilusionista. Recusa a pintura tradicional em cavalete, que conta uma história, faz um discurso ou apresenta a metáfora, produz apenas “uma superfície plana com tinta em cima”. “Estrela da Pérsia II”, 1967.
Pré-pop
135 Rauschenberg (1925-). A forma é igual ao fato. Sucata, ou escultura esperando para ser descoberta. “Monograma”, 1955. Fusões e aquisições. “Se a arte não é surpresa, não é nada”. “Não há motivo para não considerar o mundo um grande quadro”.
136 Johns (1930-). Mestre zen. “Eu estava interessado na invisibilidade que essas imagens tinham adquirido, e na ideia de conhecer uma imagem em vez de apenas olhar de passagem”. “Três bandeiras”, 1958.
Pop art
137 Colhiam temas diretamente da cultura popular, da comunicação de massa e da propaganda. O retorno aos temas pictóricos figurativos estava longe de ser um retorno à tradição; quadros de uma lustrosa familiaridade.
138 Roy Lichtenstein (1923-). Violência impensada e romance assexuado das histórias em quadrinhos. Revelar a futilidade da cultura americana. “era difícil fazer um quadro suficientemente desprezível a ponto de ninguém querer pendurá-lo. Todo mundo pendurava tudo. Até pendurar um trapo gotejante era aceitável. A única coisa que todo mundo odiava era a arte comercial. Ao que parece não a odiavam tanto assim”. “Whamm!”, 1963, Garota se afogando, 1963. Agride o espectador com sua trivialidade.
139 Andy Warhol (1930-87). Sua imagem era sua principal obra de arte. “A fama é como amendoim, depois que você começa não consegue parar”. “Depois que você vê o pop, não pode mais ver os EUA da mesma maneira”. “Pinto isso porque eu queria ser uma máquina”. “Acho que seria sensacional se todo mundo fosse idêntico”. “Acho que todo mundo devia ser máquina”. Se a arte reflete a alma da sociedade, o legado de W. é nos levar a ver a vida americana como repetitiva e despersonalizada. “Andy mostrou o terror do nosso tempo tão resolutamente quanto Goya em sua época” (J. Schnarbel). “100 latas de sopa Campbell”, 1962, Muhammad Ali, Elvis, Autorretrato.
140 Oldenburg, (1929-). “Quero que as pessoas se acostumem a reconhecer a força dos objetos”, que “contêm uma magia funcional contemporânea”. Objetos ampliados e amolecidos, versões 3D dos relógios de Dali. Alterar, para nos fazer ver, possivelmente pela primeira vez, um objeto que olhamos todo dia. “Toalete mole”, 1966.
141 George Segal (1924-). Esculturas moldadas em pessoas vivas, mas mesmo assim fantasmagóricas e despersonalizadas, projetam solidão e alienação. “Siga/Pare”, 1976.
Minimalismo
142 A escola da frieza. Judd: “se livrar daquilo que as pessoas costumavam achar essencial à arte”. Erradicaram a marca pessoal, toda emoção, toda imagem e toda mensagem. Buscaram efeito “puro” e anônimo. A forma mínima para obter a intensidade máxima. Eliminavam as distrações do detalhe, da imagem, da narrativa, isto é, tudo, pretendendo forçar a atenção do espectador para o que sobrou. “A simplicidade da forma não equivale necessariamente à simplicidade da experiência” (Morris). “A arte deve comprometer a mente, não os olhos e a emoção” (Sol le Witt). Donald Judd, Carl Andre, Sol le Witt, Robert Morris.
143 “A exposição minimalista definitiva foi a do artista francês Yves Klein, que mostrava absolutamente nada, apenas as paredes da galeria caiadas de branco, contendo objeto algum e tela alguma” /177 (img1, img2, img3).
Arte conceitual.
144 “A pintura morreu”. “As obras de arte são pouco mais que curiosidades históricas” (Joseph Kosuth). Desmaterialização da arte objeto. Se uma ideia criativa é fundamental para a arte, produzir um objeto concreto provocado pela ideia é supérfluo. A arte reside no conceito essencial, não no trabalho real. Os minimalistas varreram da arte a imagem, a personalidade, a emoção, a mensagem e a produção manual. Os conceitualistas deram um passo além e eliminaram o objeto /178.
145 Arte conceitual é conceito amplíssimo. Qualquer coisa que não seja pintura nem escultura, que enfatize o pensamento do artista e não a manipulação de materiais, cabe nele. Há arte-processo (o processo de criar é mais importante que a obra), a arte ambiental (Christo, o embrulhão), arte performática, instalações.
LISTA DOS GRANDES MESTRES:
146 Da renascença e do barroco apenas: Bellini, bosch, boticelli, bruegel, canaletto, carfavaggio, carracci, claude, correggio, dürer, el greco, giorgione, hals, holbein, la tour, leonardo, lasaccio, michelangelo, poussin, rafael, rembrandt, reni, rubens, tiepolo, tintoretto, ticiano, van dycj, van eyck, velázquez, vermeer, veronese, zubarán.
LISTA DOS DEZ MELHORES QUADROS:
147 Eleitos em 1985 por um júri indicado pelo Illustrated London News como as maiores obras de arte da história:
148 1. velázquez, as meninas.
149 2. vermeer, vista de delft.
150 3. giogione, a tempestade.
151 4. boticelli, a primavera.
152 5. piero della francesca, a ressurreição.
153 6. el greco, o enterro do conde de orgaz.
154 7. giotto, a lamentação.
155 8. grünewald, o altar isenhein.
156 9. picasso, guernica.
157 10. rembrandt, a volta do filho pródigo.
QUADROS QUE FORAM MARCOS NA HISTÓRIA DA ARTE:
158 Pinturas que mudaram o curso da arte ocidental, obras seminais anunciando mudança de estilo. Rupturas.
159 Nolli me tangere, giotto, 1305. Deixou as figuras estilizadas bizantinas, fê-las tridimensionais, mais naturais, o espaço tinha sentido mais convincente.
160 Conversão de s. paulo, caravaggio, 1601. Iluminação forte, figuras realistas, rejeição da beleza idealizada da renascença ou da artificialidade maneirista. Introduziu a realidade do dia-a-dia na arte. Composições vigorosas, sombras dramáticas. Surgimento da teatralidade barroca.
161 Juramento dos horácios, david, 1784. Fim do rococó, da frivolidade. Interesse na antiguidade, na moralidade. Senso de ordem.
162 A balsa do Medusa, gericault, 1818. Rejeição da arte rígida, intelectualizada. Busca de tópicos apaixonados, subjetivos. Introdução do sentido épico em acontecimento cotidiano presente. A arte pode retratar preocupação emocionais individuais.
163 Almoço na relva, manet, 1863. Contraste claro-escuro forte audacioso, em vez do chiaroscuro acadêmico. Mulheres nuas reais, contemporâneos, não são deusas idealizadas. Trouxe a pintura para o mundo moderno da vida real.
164 As senhoritas de avignon, picasso, 1907. Fim das idéias tradicionais de beleza, perspectiva, anatomia e cor. Fim do estilo baseado na aparência, substituído por uma estrutura intelectual que só existe na mente do artista.
165 Número 1 1950, pollock, 1950. O subconsciente é que pinta, não há premeditação, nem ponto focal, nem composição, nem fundo e 1º plano.
GLOSSÁRIO
166 Trompe L’oeil: Rubrica: decoração, pintura. 1 estilo de criar a ilusão de objetos reais em relevo, mediante artifícios de perspectiva. uso dessa técnica na decoração de interiores. quadro ou efeito assim obtido.
167 Perspectiva climática: da nitidez do 1º plano às formas difusas no fundo, para dar profundidade à pintura.
168 A tinta a óleo, inventada por hubert van eyck, demora mais que a têmpera para secar, dando tempo ao artista para misturar as cores e obter sutis variações de luz e sombra.
[1] Vide Um completíssimo e bem organizado bestiário medieval com ilustrações iluminadas tiradas de manuscritos antigos. Igualmente aqui há outra coleção muito completa.
[2] V. este ótimo artigo explicando a perspectiva, com exemplos em Masacio e outros.
[3] Livro em ingl. sobre Rembrandt, ilustrado, aqui.
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
INI | ROL | IGC | DSÍ | FDL | NAR | RAO | IRE | GLO | MIT | MET | PHI | PSI | ART | HIS | ???