parent nodes: Cristo | Gawain | Graal | Index dos Símbolos | Kundry | Merlin | Parsifal | Rei Arthur | Roteiro de análise de obras artísticas | Távola Redonda | Thor
Ciclo arturiano
index do verbete
Encic. Barsa
“As lendas relacionadas com o Rei Artur e seus cavaleiros da Távola Redonda evocam um mundo mágico de proezas, lances de cavalaria e intervenções sobrenaturais. Sob o nome de ciclo arturiano, ciclo bretão ou matière de Bretagne, conhece-se um conjunto de obras literárias medievais que reuniram essas lendas, as quais viriam a constituir um dos motivos míticos mais persistentes da literatura européia.
As origens da epopéia arturiana são nebulosas, assim como é incerto seu fundo histórico. O Artur (ou Artus) original deve ter sido um chefe militar bretão que encabeçou a resistência celta aos invasores saxões. A memória desse chefe persistiu nas tradições orais dos lugares onde os celtas derrotados se refugiaram, tais como Gales e Bretanha francesa. Referências a ele apareceram em diversos textos de historiadores dos séculos IX e X.
O verdadeiro criador do mito, em todo caso, foi o religioso inglês Geoffrey ou Godofredo de Monmouth, autor da Historia regum Britanniae (c. 1130; História dos reis da Bretanha), texto quase totalmente inventado, cujo objetivo era glorificar o passado dos bretões. Para o personagem de Artur, Godofredo inspirou-se nas fontes célticas, que davam ao relato seu tom maravilhoso, mas fez uma total reelaboração, apresentando o rei como um chefe do porte de Carlos Magno. Em sua narrativa estavam presentes os motivos principais da lenda: Artur, sua esposa [Guinevere], o mago Merlin, que o ajuda em todos os empreendimentos, o sobrinho traidor Mordred e a lendária ilha de [Avalon], a que Artur é levado depois da batalha final para curar seus ferimentos, e de onde algum dia voltará. Escritores subseqüentes acrescentaram elementos como a Távola Redonda e a lenda dos trágicos amores de [Tristão], filho do rei de Leonis, e [Isolda], filha do soberano da Irlanda. Essa história adquiriu autonomia no século XIII graças a autores como o francês Jean de Béroul e ao alemão Gottfried von Strassburg e, desligada do núcleo original, alimentou inumeráveis recriações, entre as quais uma das mais célebres óperas de Wagner.
O francês Chrétien de Troyes conferiu impulso definitivo ao mito arturiano com as cinco narrativas que escreveu entre 1165 e 1190: Erec et Enide, Cligès, Yvain, Le Chevalier de la charrette (O cavaleiro da carreta) e Le Conte du Graal (O conto do Graal), as duas últimas também conhecidas pelos nomes de seus respectivos heróis, [Lancelote] e Parsifal. Troyes introduziu a temática do Amor cortês e deu aos personagens uma psicologia própria, com paixões como a que leva Lancelote e Guinevere a se apaixonarem e traírem o rei. Nele aparecia ainda, igualmente pela primeira vez, o tema do Graal, objeto sagrado e símbolo de perfeição cujo resgate só poderia ser levado a bom termo por um espírito absolutamente puro. Uma reelaboração posterior do francês Robert de Boron, no começo do século XIII, fixou definitivamente o Graal como representação do Cálice da Última Ceia, desaparecido desde que foi roubado a José de Arimatéia.
Entre 1215 e 1230, um grupo de religiosos da ordem cisterciense, sob a direção de um anônimo "arquiteto único", segundo a expressão do especialista francês Frappier, redigiu a pentalogia denominada Vulgata em prosa, que reunia a totalidade do ciclo arturiano e do Graal. Concebida como uma imensa alegoria cristã, a obra narrava a recuperação do cálice sagrado por Sir [Galahad], assistido pela graça divina, e a trágica batalha final, com a morte do rei e de seus cavaleiros. Apesar da evidente intenção de mostrar a superioridade dos ideais cristãos frente ao mundo das antigas lendas, o simbolismo místico e até certo ponto heterodoxo da narrativa foi finalmente condenado pela igreja.
A última grande manifestação das lendas arturianas seria Morte de Artur (1485), obra em prosa do inglês Sir Thomas Malory, que eliminou todos os componentes religiosos não imprescindíveis e devolveu ao mito a trágica grandeza de um mundo portentoso e próximo do desaparecimento. O tema, no entanto, continuou servindo de inspiração a incontáveis escritores”
[fons: Barsa].
Del Debbio
A história do Rei Arthur e da Távola Redonda é uma das mais fascinantes e misteriosas de todas as grandes histórias da humanidade. Fruto de quase mil anos de alegorias, fatos históricos, fatos ocultistas, lendas e curiosidades amalgamadas em um conto fantástico que até os dias de hoje gera curiosidade e respeito.
Nos próximos posts, vamos conhecer a fundo as origens de cada elemento presente nas histórias do Rei de [Camelot]. Antes de continuar, porém, recomendo a leitura do post sobre Zeus e Hera, para que o leitor possa entender como funciona o chamado “empilhamento de histórias”.
A versão mais conhecida da história do Rei Arthur é uma mistura de diversas outras alegorias e está muito embasada na alquimia medieval e no simbolismo templário; para que possamos entender a fundo como cada um destes elementos se combinou na história completa, vamos primeiro separar peça por peça deste enorme quebra-cabeças, que às vezes pode ser tão complicado quanto as colunas do Ricardo Kossatz.
Primeira peça do quebra cabeças
A Espada Mágica de Gilgamesh
Ó! Divino Gilgamesh, que todo o viu
Eu te farei conhecer em todas as terras.
Eu ensinarei sobre (aquele) que experimentou todas as coisas.
Anu deu-lhe a totalidade do conhecimento do Todo.
Ele viu o Segredo, penetrou o Mistério.
Ele revelou o que houve antes do Dilúvio.
Ele fez grandes viagens, até o limite de suas forças
e quando voltou em paz…
Ele gravou numa estela de pedra a narração de suas proezas
e construiu as muralhas de Uruk, nosso lar,
e as paredes do Templo de Eanna, o sagrado santuário.
Gilgamesh é o primeiro guerreiro cujas aventuras foram eternizadas nos contos babilônicos. Um dia falarei especificamente sobre Gilgamesh, mas hoje vou focar em dois aspectos muito importantes de sua história: sua espada mágica e a sua descida ao inferno (para quem tiver curiosidade, fiz um post específico sobre Gilgamesh no meu Blog).
A Espada de Gilgamesh era capaz de cortar através de qualquer objeto, até mesmo do Cedro Sagrado, que era uma árvore mágica do conhecimento, guardada por Humbaba, o terrível, e cuja madeira seria usada para fazer as portas do grande templo de Enlil.
A espada de Gilgamesh possuía sete gemas e enquanto todas as jóias estivessem em seu lugar, a espada seria indestrutível e capaz até mesmo de matar demônios e deuses.
Mais tarde, temos na lenda de Ishtar também uma descida aos infernos, nas quais ela derrota 49 demônios guardiões dos 7 portais e a cada portal vai perdendo uma peça de roupa, até chegar nua ao centro do Inferno. Com isso, Ishtar se torna a senhora do paraíso, responsável pelas chaves dos portais, que somente eram abertos para aqueles que eram instruídos nos Mistérios.
As 7 gemas, as 7 peças de roupa, os 7 pecados capitais, os 7 níveis de castigo do Inferno de Dante estão todos ligados a conceitos alquímicos de purificação e renascimento. Uma imagem simbólica da espada de Gilgamesh pode ser vista na imagem ao lado, representando a Árvore da Vida e as sete gemas (na mitologia oriental são chamadas de esferas do Dragão… sim, as mesmas do Dragon Ball). Então temos como primeira parte do enigma uma espada mágica brilhante formada por 7 gemas e capaz de cortar qualquer coisa.
Segunda peça do quebra-cabeças
A Espada flamejante bíblica.
E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.
Genesis 3, 24
A Genesis, como alegoria da Kabbalah, traça a queda do ser humano do Paraíso para a Terra, representada pelo Mundo Material e a queda do Reino Espiritual. O Caminho 17, Zain (espada), que no tarot representa o Arcano dos Enamorados, faz a ligação entre Binah e Tiferet, a Grande Mãe e entrada do Paraíso e o Cristo dentro de todos nós.
Esta espada também representa o Caminho do Trovão (nas mitologias grega e nórdica) que é a descida simbólica pela Árvore da Vida. Na maçonaria, a espada permanece sempre sobre a mesa do Venerável Mestre e no Oriente, que simboliza o além do Abismo, ou o Paraíso Perdido.
A Espada Flamejante é empunhada por um querubim e serve para impedir que os impuros consigam retornar ao Plano Divino, a menos que tenham dominado todo o conhecimento necessário. Posteriormente, tanto o querubim quanto as chaves de Ishtar foram adaptadas nas chaves de São Pedro, que adquire as características de “porteiro do Céu”, responsável por verificar quem tem o “nome na lista” (ou, em outras palavras, não tenha pecados / derrotado seus demônios). Aquele que não possui a espada (chaves), não pode entrar no Reino dos Céus.
Terceira peça
Keter e a Coroa.
De acordo com a Kabbalah, a Sefira de Keter é a primeira, e está ligada ao Mundo de Adam Kadmon - Homem Primordial. Keter faz parte do triângulo superior ou supremo (junto a Hochma e Binah), que está além da nossa realidade física. Keter se situa no topo da coluna central (Pilar do Equilíbrio). A coroa normalmente está na cabeça do rei, mas não pertence ao corpo do rei, pertence ao reino (note que Malkuth quer dizer Reino).
Assim sendo, para cada ação existe um pensamento que a precede. Keter é a semente das manifestações que vão acontecer no mundo físico. É o potencial da manifestação. Imagine como uma semente de uma árvore que já contém toda a árvore dentro de si e que desaparece quando a árvore brota. Keter é a inteligência ardente que canaliza a Força da Luz da Criação para as demais Sefiroth. Funciona como um super computador que contém o inventário total do que cada um de nós é, alguma vez foi ou será. Como tal, não só é a gênese de nossas vidas neste reino da Terra, mas de todo pensamento, idéia ou inspiração que teremos enquanto estivermos em nossa jornada.
Quarta peça
A Árvore da Vida e a representação simbólica de cada elemento.
Não vou explicar passo a passo porque senão este post não acaba nunca, e eu já falei sobre isso em colunas anteriores, mas acompanhe a imagem ao lado para a representação de cada um dos quatro elementos dentro da Árvore da Vida. Atente para o fato de que Malkuth (o Reino, o Plano Material, o Mundo do Creu) representa o elemento TERRA, ou pedra, da onde se origina a simbologia do homem ser feito de barro, mas ao mesmo tempo à imagem e semelhança de Deus (Keter), ou 1=10.
Quinta peça
A Espada que decepou São João Batista
São João Batista é, depois de Jesus e Maria Madalena, a personalidade mais importante para os gnósticos, cátaros e templários (mas não confundir com São João padroeiro da Maçonaria, que é outro São João).
João Baptista foi um pregador judeu, do início do século I, citado por inúmeros historiadores, entre os quais estão Flávio Josefo e os autores dos quatro Evangelhos da Bíblia. Segundo a narração do Evangelho de São Lucas, João Batista era filho do sacerdote Zacarias e Isabel (ou Elizabete), prima de Maria, mãe de Jesus. Foi profeta e considerado pelos cristãos como o precursor do prometido Messias, Yeshua, além de ser considerado um dos grandes profetas do Islã.
Foi iniciado com Jesus nas pirâmides do Cairo e, de volta a Jerusalém, batizou muitos judeus, incluindo o próprio Jesus, no rio Jordão, e introduziu o batismo de gentios nos rituais de conversão judaicos, que mais tarde foram adotados pelo cristianismo.
O aprisionamento de João ocorreu na Pereia, a mando do Rei Herodes Antipas I no 6º mês do ano 26 d.C.. Ele foi levado para a fortaleza de Macaeros (Maqueronte), onde foi mantido por dez meses até ao dia de sua morte. O motivo desse aprisionamento apontava para a liderança de uma revolução (veja os posts antigos sobre a vida de Yeshua para traçar os paralelos entre esta cronologia e os acontecimentos de Yeshua e os doze apóstolos).
Herodias, por intermédio de sua filha, Salomé, conseguiu coagir o Rei na morte de João, e a sua cabeça foi-lhe entregue numa bandeja de prata e depois foi queimado em uma fogueira numa das festas palacianas de Herodes.
Os discípulos de João trataram do sepultamento do seu corpo e de anunciar a sua morte ao seu primo Jesus. Mais tarde, a espada que decepou João Batista tornou-se uma relíquia Templária.
Percival e a Espada de São João Batista
Dizia-se que era uma espada que estava condenada a falhar com seu dono no momento mais importante de uma jornada. Chretien de Troyes, em seu conto “The Story of the Grail”, escreve que esta espada mágica é dada a Percival quando ele chega no castelo do Graal, com o aviso de que quebraria em sua hora mais necessária. Mais tarde, Percival quebra a espada, mas é conduzido para uma forja guardada por duas serpentes e somente ali a espada pode ser consertada, e nos é explicada que a espada foi quebrada pela primeira vez muitas eras atrás, nos Portões do Paraíso (sacaram… Duas serpentes? Caduceu de Hermes? Paraíso?)
O nome Percival vem de Pierce Veil (ou “aquele que perfura o véu”), representando a espada (mente) que consegue atravessar o véu das ilusões.
Sexta peça
E S Calibur
Muitos historiadores atribuem a espada Excalibur a Julio Cesar, Imperador de Roma. Quando Cesar tomou o poder, mandou forjar uma espada com seu nome que se denominava “Cesars Calibur” e guardava essa espada como um grande tesouro.
Quando foi morto, a espada junto com outros pertences, foi levada e guardada em um local secreto.Quando a expedição de Ricardo Coração de Leão estava a caminho de Jerusalém, parou em um mosteiro para passar uma noite e lá Ricardo ganhou de presente uma espada que já estava guardada a anos. Mas da palavra Cesars Calibur só se podia ver “E s Calibur”, devido ao envelhecimento da espada.
Sétima peça
Espadas de Luz Celtas
As lendas do século VI e VII celtas narram aventuras onde jovens guerreiros são presenteados com espadas mágicas capazes de cortar qualquer coisa, seja ela material ou espiritual, mas que precisam se mostrar dignos de empunhá-las, caso contrário, elas se quebrarão no momento em que mais necessitarem dela.
Em um dos mais antigos contos gauleses, Peredur, um jovem herói, visita seus três tios com o objetivo de se tornar rei. Em cada um dos tios, ele é testado. Na primeira corte, seu tio lhe entrega uma espada e pede que ele corte através de uma coluna de ferro. Quando Peredur a golpeia, ele corta a coluna, mas quebra a lâmina no golpe. Seu tio pede que ele tente novamente e ele quebra mais uma vez tanto a coluna quanto a espada. Na terceira tentativa, ele destrói a espada e não consegue reconstruí-la. Para tanto, precisa passar por diversas aventuras, até se tornar merecedor da espada, quando finalmente ela é refeita e entregue a ele.
Mais tarde, voltaremos a Peredur nos contos do Graal, mas com o nome de sir Gawain.
Esta “quebra” da espada corresponde, simbolicamente, ao Abismo de Daath na Kabbalah.
Oitava peça
Os Mitos irlandeses
Gael Bulg
Gael Bulg (ou Gael Bolga) é o nome da lança mágica do trovão, do herói Cuchulain. Esta lança mágica possui sete espinhos (que coincidência!) e possui diversos poderes, tendo sido fabricada a partir do esqueleto de uma serpente marinha chamada Coinchenn, morta em um combate contra outra serpente chamada Curruid. A heroína Scatchac entrega a lança a Cuchulain (os dois monstros marinhos guardavam as fronteiras da Terra, de maneira muito semelhante a serpente de Midgard na mitologia nórdica… novamente, árvores, serpentes e o número sete).
Caladbolg
Caladbolg é o nome da “espada do trovão”, a arma mágica empunhada pelo rei Fergus Mac Roich. Segundo historiadores, pode ser uma adaptação posterior da lenda de Gael Bulg, cuja lâmina foi adaptada para uma espada de duas mãos. Uma arma mágica, que traçava um círculo de luz quando se movimentava no ar.
Caledfwlch
Esta espada mágica aparece pela primeira vez no texto celta Culhwch and Olwen, de meados do século XI, onde é a arma mais preciosa do rei e utilizada pelo guerreiro Llenlleawg para matar o rei irlandês Diwrnach. Mais tarde, no conto “The Dream of Rhonabwy”, esta espada aparece novamente, desta vez nas mãos do Rei Arthur.
O escritor Geoffrey of Monmouth (1100-1155) latiniza Caledfwlch para Caliburnus no texto “History of the Kings of Britain”
Nona peça
A Espada de Sigmurd
Nas lendas nórdicas, o herói Sigmurd remove a espada mágica que havia sido cravada por Odin na Árvore Barnstokkr (uma macieira considerada sagrada), na série de textos chamada “Volsunga Saga”, do século XIII e baseado em contos tradicionais do século V e VI. Odin havia decretado que somente aquele que fosse digno conseguiria remover a lâmina de dentro da árvore e seria digno de se tornar seu dono. Durante um combate, a espada é quebrada no momento mais crucial, mas depois de forjada novamente, se torna capaz de cortar uma bigorna ao meio.
Novamente, árvores, lâminas cravadas que se quebram no momento crucial, macãs…
A Décima peça
A pedra de Scone (Stone of Scone), a pedra que precisa ficar debaixo do trono do Rei da Inglaterra durante sua coroação. Já falei sobre ela em posts antigos, procurem! Esta pedra é tida como o travesseiro de pedra mencionado na Bíblia, na qual Jacó repousa a cabeça:
E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por seu travesseiro, e deitou-se naquele lugar.
E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela;
Genesis 28, 11-12
Esta pedra também é tida em alguns textos, especialmente no “The History of the Kings of Britain” como sendo a pedra na qual a espada do Rei Arthur estava cravada.
Montando o quebra-cabeças
Nos romances Arthurianos várias explicações são dadas para a posse da Excalibur por Arthur. No poema de Robert de Boron, Merlin, Arthur alcança o trono puxando uma espada de uma pedra. Nesse relato, esse ato não poderia ser feito se não pelo “verdadeiro rei”, ou seja, o verdadeiro herdeiro de Uther Pendragon. Esta espada é tida por muito como a famosa Excalibur e sua identidade se torna explicita no posterior Vulgate Suite du Merlin, parte das Prosas de Lancelot.
Mais tarde, em outros poemas, ele recebe esta espada da Dama do Lago (que descreverei em detalhes mais para a frente) e, na vulgata, ele consegue excalibur primeiro na pedra, depois a quebra e finalmente, a recebe novamente, consertada, pela Dama do Lago (que representa o elemento água, ou o emocional), em um percurso simbólico através de todas as sephiroth da Kabbalah.
Robert de Boron era um cavaleiro templário que viveu no século XII e foi o primeiro autor a dar ao mito do Graal uma vertente cristã. São deles os poemas “José de Arimatéia” e “Merlin”, bem como a “Morte de Arthur”, além do verso “Perceval”. Robert de Boron, mil anos antes de Dan Brown, já havia sugerido uma linhagem sagrada para Jesus… mas o descendente do rei Salomão só é revelado por Chretien de Troyes: Lancelot.
De acordo com Robert, José de Arimatéia ficou responsável por tomar conta do Santo Graal (Sangreal), que seria o cálice que recebeu o sangue de Jesus. A família de José de Arimatéia trouxe o Graal para Avalon (Ilha das maçãs, ou historicamente Glastonbury, local da primeira igreja cristã erigida na Inglaterra, em 65 DC). Falarei sobre Glastonbury mais para a frente, quando falar de Avalon.
A “Espada enterrada na terra” (ou relâmpago, ou escada) é um simbolismo para o próprio entendimento da Árvore da Vida e, através disto, o autoconhecimento. O caminho da espada desde ser removida da terra (Malkuth) até chegar a coroa (Keter) passa por todas as lendas acima, cada uma sendo uma visão ligeiramente diferente da mesma coisa, porém dentro do mesmo simbolismo.
O mito da “espada de luz que só pode ser empunhada pelo escolhido, ou por aquele que a merecer” é um arquétipo universal que existe até os dias de hoje, representando o autoconhecimento e o domínio sobre si mesmo. Isso para não falar em “reis com espadas quebradas” do Tolkien.
~s009r]
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
INI | ROL | IGC | DSÍ | FDL | NAR | RAO | IRE | GLO | MIT | MET | PHI | PSI | ART | HIS | ???