Kant tentou definir os limites da razão. ^ quis definir os limites da linguagem e, por consequência, de todo o pensamento [3], partindo da premissa de que grande parte da discussão filosófica nasce de erros no modo como lidamos com o pensamento. Quis começar por definir o que é que pode ser dito significativamente.
A linguagem (abr. loc.: ~l) é composta de proposições, assertivas sobre coisas, que podem ser verdadeiras ou falsas. Já o mundo é composto de fatos: as coisas são do modo como são. As proposições são imagens de fatos, como mapas são imagens do mundo. Qualquer proposição que não retrate fatos (por exemplo, matar é ruim) é sem sentido. A ~l é limitada a declarações de fatos sobre o mundo. Esse é o limite da ~l, e, portanto, o limite do mundo [1]. “Do que não se pode falar deve-se calar.” Ou dito de outra forma: qualquer verdade última, se existe tal coisa, está tão além da prova que não podemos sequer falar a respeito [4].
Tanto a ~l quanto o mundo são formalmente estruturados, são estruturas decomponíveis. ^ quis elucidar as estruturas de ~l e mundo para ver como elas se relacionam.
O que era ~l para ^? ^ estava falando da lógica, que é a ~l perfeita, porque exclui qualquer possível ambiguidade. A ~l é a totalidade das proposições. O que não é proposição não integra a ~l. Por exemplo a frase "o elefante está bravo" é uma proposição, mas "elefante" não é.
E mundo? Mundo, para ^, era a totalidade dos fatos, não das coisas. O elefante estar bravo é um fato, integra o mundo. O elefante, por si, não.
Nesse sentido a lógica é uma imagem-espelho do mundo. A imagem pode representar o mundo porque se enlaça com a realidade na forma de um padrão de medida. A imagem é uma forma lógica, é uma imagem lógica, não uma imagem visual. As ondas de som de uma sinfonia, a partitura dela e o padrão formado pelos sulcos do disco onde está sua gravação compartilham a mesma imagem, a mesma forma lógica.
A ética, a religião, estão além dos limites da linguagem, porque estão fora do mundo de ^, já que não se tratam de fatos.
Mais tarde ^ reviu suas ideias e as contradisse. Então definiu a ~l como uma forma de vida, porque o modo como a usamos é sempre um reflexo de nossas experiências individuais, hábitos e habilidades, de modo que a ~l desempenha papéis diferentes em nossas vidas [5].
comentários
Xenófanes: "Nenhum homem conhece, ou conhecerá algum dia, a verdade acerca dos deuses e de tudo; porque mesmo que alguém, por acaso, dissesse toda a verdade, não obstante, não a reconheceríamos" [2].