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Contos de fadas


Cinderela
Bela e fera
Chapeuzinho vermelho
Assembleia dos ratos
Aladim
Alice no país das maravilhas


Nikolaos Gyzis (1842-1901). Psique. Clique no link para ver a imagem em tamanho maior:rel://files/psyche.jpg

Propp retomou e desenvolveu a hipótese ritualista de Santyves (que via nos Contos de fadas um texto feito para acompanhar um rito cultual). Propp vê nos contos populares a reminiscência dos ritos totêmicos de iniciação. A estrutura iniciatória dos contos é evidente, mas seu enredo iniciatório é imaginário, não está ligado a um certo contexto histórico cultural. Jamais encontraremos neles a reminiscência de um determinado estádio da cultura: os estilos culturais e os ciclos históricos estão ali misturados. Subsistem apenas as estruturas de um comportamento exemplar, que pode ter sido vivido em grande número de ciclos culturais e em muitos momentos históricos. /169

127 Tende a situar o nascimento dos mitos na cultura/religião megalítica pré-indo-europeia, de onde vieram os dois motivos dominantes dos contos: a Viagem para o além e as Núpcias de tipo real. /170

128 A epopeia heroica, a saga, não pertencem à tradição popular, são formas poéticas criadas nos e para os meios aristocráticos, seu universo é um mundo ideal, situado numa idade de ouro, como o mundo dos deuses. Na saga o herói está num mundo governado por deuses e destino. A saga ladeia o mito. Às vezes é difícil dizer se a saga conta a vida heroicizada de um personagem histórico ou se é um mito secularizado. /171.

129 A saga é pessimista e o conto otimista. /172

130 O conto se afasta do mundo mítico. O personagem parece emancipado dos deuses, seus protetores e companheiros bastam para dar-lhe vitória, o mundo é simples e transparente, uma total ausência de problemática, ao contrário da vida real. Sugere que os contos surgiram num tempo em que o homem já se apartara dos deuses tradicionais, mas ainda não passou às religiões dos mistérios: quando a vida ainda não foi sentida como catástrofe. Esse tempo seria o mesmo de Homero. /171. Então o conto surge junto com a saga, mas esta fica sendo da aristocracia, quando esta descobre a existência como problema e tragédia, enquanto o conto cai ao nível do povo.

131 A distância entre saga e conto é menor nas culturas primitivas, onde, ao contrário da Grécia, da idade média europeia ou do oriente) não há o abismo entre a classe letrada e o povo. Nas sociedades arcaicas o mito de uma tribo é conto para a outra.

132 O conto dessacraliza, ou camufla, os motivos e personagens míticos, há degradação do sagrado. Mas a função ainda é a mesma /173. O ‘conto maravilhoso’ ainda apresenta a estrutura de uma aventura infinitamente séria e responsável, pois tem enredo iniciatório, com provas iniciatórias (lutas contra Monstro, obstáculos aparentemente insuperáveis, enigmas a serem solucionados, tarefas impossíveis), a descida ao Inferno /v. Katabasis/ ou ascensão ao Céu, ou a Morte e a Ressurreição, e o Casamento com a [Princesa]. Ou seja, refere-se a uma realidade terrivelmente séria, a Iniciação, a passagem, através da morte e ressurreição simbólicas, da ignorância e da imaturidade para a idade espiritual do adulto /v. Autoconhecimento/. /174.

f.: Eliade, Mito e realidade
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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