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Propp



index do verbete Created sábado 21 agosto 2010

intro

“Morfologia dos Contos de Fadas”

Elementos narrativos básicos.

Distanciamento: um membro da família deixa o lar (o Herói é apresentado);

Proibição: uma interdição é feita ao herói ('não vá lá', 'vá a este lugar'); a interdição é violada (o vilão entra na história);

Armadilha: o vilão tenta enganar a vítima para tomar posse dela ou de seus pertences (ou seus filhos); o vilão está traiçoeiramente disfarçado para tentar ganhar confiança;

Conivência: a vítima deixa-se enganar e acaba ajudando o inimigo involuntariamente;

Herói assinalado: ganha uma cicatriz, ou marca, ou ferimento. O herói chega incógnito em casa ou em outro país. Pretensão do falso herói, que finge ser o herói. Reconhecimento do herói (pela marca/cicatriz que recebeu); o falso herói é exposto/desmascarado;

Remoção do castigo/culpa: o infortúnio que o vilão tinha provocado é desfeito;

Transfiguração do herói.

Núpcias do herói: o herói se casa ou ascende ao trono.

X2008n Narratologia

75 Para entender paradigmas narrativos em geral, é muito comum que os acadêmicos recorram também a Vladimir Propp, teórico russo que em 1928 publicou “A Morfologia dos [Contos de fadas”, na qual estabelecia os elementos narrativos básicos que ele havia identificado nos contos folclóricos russos. Basicamente, Propp identificou 7 classes de personagens (“agentes”), 6 estágios de evolução da narrativa e 31 funções narrativas das situações dramáticas. A linha narrativa que ele traça é fundamentalmente uma só para todos os contos, ainda que flexível.

76 Eis a Morfologia que Propp apresenta:

77 DISTANCIAMENTO: um membro da família deixa o lar (o Herói é apresentado);

78 PROIBIÇÃO: uma interdição é feita ao Herói ('não vá lá', 'vá a este lugar');

79 INFRAÇÃO: a interdição é violada (o Vilão entra na história);

80 INVESTIGAÇÃO: o Vilão faz uma tentativa de aproximação/reconhecimento (ou tenta encontrar os filhos, as jóias, ou a vítima interroga o Vilão);

81 DELAÇÃO: o Vilão consegue informação sobre a vítima;

82 ARMADILHA: o Vilão tenta enganar a vítima para tomar posse dela ou de seus pertences (ou seus filhos); o Vilão está traiçoeiramente disfarçado para tentar ganhar confiança;

83 CONIVÊNCIA: a vítima deixa-se enganar e acaba ajudando o inimigo involuntariamente;

84 CULPA: o Vilão causa algum mal a um membro da família do Herói; alternativamente, um membro da família deseja ou sente falta de algo (poção mágica, etc.);

85 MEDIAÇÃO: o infortúnio ou a falta chegam ao conhecimento do Herói (ele é enviado a algum lugar, ouve pedidos de ajuda, etc.);

86 CONSENSO/CASTIGO: o Herói recebe uma sanção ou punição;

87 PARTIDA DO HERÓI: o Herói sai de casa;

88 SUBMISSÃO/PROVAÇÃO: o Herói é testado pelo Ajudante, preparado para seu aprendizado ou para receber a magia;

89 REAÇÃO: o Herói reage ao teste (falha/passa, realiza algum feito, etc.);

90 FORNECIMENTO DE MAGIA: o Herói adqüire magia ou poderes mágicos;

91 TRANSFERÊNCIA: o Herói é transferido ou levado para perto do objeto de sua busca;

92 CONFRONTO: o Herói e o Vilão se enfrentam em combate direto;

93 HERÓI ASSINALADO: ganha uma cicatriz, ou marca, ou ferimento

94 VITÓRIA sobre o Antagonista

95 REMOÇÃO DO CASTIGO/CULPA: o infortúnio que o Vilão tinha provocado é desfeito;

96 RETORNO DO HERÓI: (a maior parte da narrativas termina aqui, mas Propp identifica uma possível continuação)

97 PERSEGUIÇÃO: o Herói é perseguido (ou sofre tentativa de assassinato);

98 O HERÓI SE SALVA, ou é resgatado da perseguição;

99 O HERÓI CHEGA INCÓGNITO EM CASA ou em outro país;

100 PRETENSÃO DO FALSO HERÓI, que finge ser o Herói;

101 PROVAÇÃO: ao Herói é imposto um dever difícil;

102 EXECUÇÃO DO DEVER: o Herói é bem-sucedido;

103 RECONHECIMENTO DO HERÓI (pela marca/cicatriz que recebeu); o Falso Herói é exposto/desmascarado;

104 TRANSFIGURAÇÃO DO HERÓI;

105 PUNIÇÃO DO ANTAGONISTA

106 NÚPCIAS DO HERÓI: o Herói se casa ou ascende ao trono.

Eliade

n. ed., v.: Eliade, Mito e realidade

Propp retomou e desenvolveu a hipótese ritualista de Santyves (que via nos Contos de fadas um texto feito para acompanhar um rito cultual). Propp vê nos contos populares a reminiscência dos ritos totêmicos de iniciação. A estrutura iniciatória dos contos é evidente, mas seu enredo iniciatório é imaginário, não está ligado a um certo contexto histórico cultural. Jamais encontraremos neles a reminiscência de um determinado estádio da cultura: os estilos culturais e os ciclos históricos estão ali misturados. Subsistem apenas as estruturas de um comportamento exemplar, que pode ter sido vivido em grande número de ciclos culturais e em muitos momentos históricos. /169

ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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