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Julgamento





index do verbete

kiema



XX. O Julgamento: O Arcano da Ressurreição

Compilação de Constantino K. Riemma

Na parte superior da carta, rodeado de nuvens, um anjo toca uma trombeta. Na parte inferior, três personagens nus – um dos quais, o do centro, está de costas – parecem estar em atitude de oração. Uma terra árida se estende por trás deles.

O personagem que está de costas emerge de uma espécie de sarcófago; seus cabelos são azuis e tem uma tonsura. Dos seus lados, visíveis somente até a cintura e representados de três quartos, os dois personagens restantes – uma mulher à esquerda e um homem com barba, à direita – parecem olhar para a figura do centro. Têm as mãos juntas, como numa prece.

Sobre um céu incolor, o anjo está rodeado de um circulo de nuvens azuis, das quais saem vinte raios: dez são amarelos; os outros dez, vermelhos. De suas vestes vê-se apenas um corpete branco e umas mangas azuis (ou vermelhas, em algunas versões). Segura a trombeta com a mão direita, que está próxima da boca; a esquerda apenas a toca, segurando um retângulo com uma cruz.

Significados simbólicos

Os julgamentos essenciais, a avaliação dos rumos da existência.

O despertar. Exame de consciência. Sopro redentor.

Renovação. A promessa da vida eterna. Interpretações usuais na cartomancia

Entusiasmo, exaltação emocional, intensidade dos sentimentos, espiritualidade. Capacidades ocultas, dom de adivinhação.

Atos prodigiosos, medicina milagrosa. Santidade, doação.

Renovação, nascimento, retorno de assuntos do passado ou sua atualização. Recados, propaganda, proselitismo, apostolado.

Estar sujeito à avaliação de outros, ser julgado por suas ações.

Mental: O homem convocado a um estado superior; tendências e desejos de elevação.

Emocional: Devoção, exame de consciência.

Físico: Estabilidade nos assuntos que estão encaminhados. Saúde e equilíbrio.

Sentido negativo: Erro em relação a si mesmo e a todas as coisas; provas e trabalhos que resultarão de um juízo falso. Vacilação espiritual, ofuscamento da inteligência. Bobo evocador de fantasmas.

Ruído, alvoroço, agitação inútil.

História e iconografia do Juizo Final

As gravuras cristãs, em geral, mostram duas idéias diferentes de ressurreição. A primeira é a dos Evangelhos e se refere aos fenômenos produzidos no momento da morte de Jesus:

“Abriram-se os sepulcros e muitos corpos de Santosue dormiam, ressuscitaram, e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mateus, 28, 52-53).

Um exemplo desta versão pode ser visto numa miniatura do século XII. “A terra recebeu ordem de devolver os seus mortos”, diz a legenda que a acompanha. A ilustração, ao lado, oferece idéia similar.

A segunda, mais amplamente difundida, é a do Juízo Final. Sobre ela escreveram Mateus (25, 31-46) e, com maior detalhe, João (Apocalipse, 20, 12).

Os artistas que se inspiraram nesta última versão se viram obrigados a selecionar, cada um à sua maneira, dentre a profusão de símbolos e alegorias verbais evocados por João para narrar esta cena.

As primeiras representações do Juízo Final remontam ao ano mil, aproximadamente, mas alcançaram a perfeição nos séculos XII e XIII, nas catedrais. Conhece-se apenas um exemplo anterior a estas datas: trata-se de um baixo-relevo em marfim (Tours, c. 800).

Em todas essas imagens, os mortos surgem inteiramente nus dos seus túmulos, o que seguramente foi tomado de fontes tradicionais (o Livro de Jó; a carta de São Columban a Hunaldus – ano 615; o opúsculo Desprezo do Mundo, de Inocêncio III – cerca de 1200).



Uma tradição popular, surgida nesta mesma época, acredita que os mortos surgiriam de seus túmulos como esqueletos, mas que se revestiriam então da carne e da pele perdidas assim que tomassem contato com a luz.

A presença dos ressuscitados, bem como o anjo com a trombeta que parece convocá-los, remetem claramente o arcano XX do Tarô a essas imagens do Juízo Final; até a bandeirola da trombeta, que reproduz uma cruz-de-malta, é freqüente nos modelos em que a carta provavelmente se inspirou.

Num sentido geral, o simbolismo do Arcano XX refere-se à morte da alma, ao esquecimento da sua finalidade transcendente, no qual o homem pode cair: o sarcófago ou túmulo representaria as fraquezas e apetites carnais, e o anjo com a trombeta faz a convocação do espírito: a oportunidade pela qual desperta o anseio latente de ressurreição que se supõe adormecido em todo ser humano.

Para Wirth, o trio de ressuscitados representa a família essencial (Pai-Mãe-Filho) no momento de sua regeneração, e o último dos seus termos (o Filho) representa uma nova metamorfose do protagonista do caminho iniciático.

Quando se admite que o Tarô constitui uma alegoria da Iniciação, é possível reconhecer o Prestidigitador-Enamorado-Carro-Enforcado no homem nu do túmulo, “pronto para receber o Magistério”.

chevalier & Gheerbrant


O Julgamento, a Ressureição, ou o Despertar dos Mortos, o 20º arcano maior do Tarô, exprime a inspiração, o sopro redentor (O. Wirth); a mudança de situação e de apreciação, as questões jurídicas (R. Bost); o perdão, a redenção ou rectificação de um erro, a reabilitação, a cura, o desencalhar de um negócio (Th. Terestchenko).

Entre o Sol e o Mundo, que parecem ser cartas triunfantes, o 20º arcano maior do Tarô, o Julgamento, conduz-nos a ideias de morte. Um Anjo aureolado 19 de branco, rodeado por um Círculo de nuvens azuis de onde partem em alternância dez raios vermelhos e dez amarelos, tem na mão direita uma Trombeta e, na esquerda, uma espécie de estandarte de fundo branco coberto por uma Cruz amarela. A sua trompeta parece quase tocar o cimo de uma montanha ou de uma sepultura, igualmente amarela e árida.

Na parte de baixo da carta, um personagem nu, visto de costas, parece sair de uma tina verde (ou de um sepulcro verde, cor da ressurreição) diante da qual se encontram igualmente nus, cor de carne, de mãos juntas e viradas para ele, uma mulher e um homem mais velhos. Talvez, a Mãe e o Velho Homem, no sentido de Jung.

Trombeta do juízo final, ressureição dos corpos, isso parece evidente. No entanto, esta interpretação pode ser aprofundada. As asas e as mãos do anjo são cor de carne, como também eram as da Temperança; não quererá dizer que ele é feito da mesma matéria que os homens, que ele é seu irmão e que cada um dos homens pode adquirir também as asas da espiritualidade, desde que saiba conservar a medida e o equilíbrio na sua ascenção espiritual? As mangas são vermelhas, pois está sempre em acção, mas os seus cabelos, que têm cor do ouro das verdades imutáveis, conferem-lhe um simbolismo solar. Está encerrado num círculo de nuvens azuis, cor lunar das forças ocultas e das verdades da alma, de onde partem raios vermelhos e amarelos do espírito e da acção, para indicar que não há nem verdadeira acção, nem verdadeira compreensão, se não procederem das forças da alma, onde se misturam intuição e afectividade, ou talvez também para significar que a inteligência humana não pode ir para lá destas espirais e que há sempre um círculo que não podemos transpor.

Diante deste anjo, anunciador do julgamento, que separa sem apelo a boa semente das ervas daninhas, os homens apresentam-se nus, à saída do túmulo que eram seus corpos, tendo-se despojado de todos os atributos do mundo para só olharem para os cabelos azuis, cor da alma, que também já eram os do Dependurado, da Temperança, e da Estrela, três cartas de valor iniciático particularmente marcante, que simbolizam mortes e renascimentos. Para se poder renascer para a verdadeira vida, é preciso ter ouvido o chamamento da trompeta de ouro por onde passa a voz de Deus. É o filho, aqui, que sem ter renegado as lições do passado, simbolizado pelos seus pais, atingiu o mais alto grau de iniciação: a sua cabeleira, em vez de cair sobre os seus ombros, tem a forma de coroa e só ele está virado para o anjo.

Assim, última etapa antes da visão do Mundo, o Julgamento simboliza o apelo vitorioso do Espírito, princípio unificador que penetra e sublima a matéria.

pjm


A imagem da ressurreição dos mortos simboliza a passagem de um estágio a outro – geralmente mais positivo. No plano afetivo, acena com a perspectiva de recomeço, perdão e redenção. Tem correlação com a letra hebraica Shin.

Simbologia

Na parte superior da carta, rodeado de nuvens, um anjo toca uma trombeta. Na parte inferior, três personagens nus – um dos quais, o do centro, está de costas – parecem estar em atitude de oração. Uma terra árida se estende por trás deles.

O personagem que está de costas emerge de uma espécie de sarcófago; seus cabelos são azuis e tem uma tonsura. Dos seus lados, visíveis somente até a cintura e representados de três quartos, os dois personagens restantes – uma mulher à esquerda e um homem com barba, à direita – parecem olhar para a figura do centro. Têm as mãos juntas, como numa prece.

Sobre um céu incolor, o anjo está rodeado de um circulo de nuvens azuis, das quais saem vinte raios: dez são amarelos; os outros dez, vermelhos. De suas vestes vê-se apenas um corpete branco e umas mangas azuis (ou vermelhas, em algunas versões). Segura a trombeta com a mão direita, que está próxima da boca; a esquerda apenas a toca, segurando um retângulo com uma cruz.

Palavras-chave

Os julgamentos essenciais, a avaliação dos rumos da existência. O despertar. Exame de consciência. Sopro redentor. Renovação. A promessa da vida eterna. Entusiasmo, exaltação emocional, intensidade dos sentimentos, espiritualidade. Capacidades ocultas, dom de adivinhação. Atos prodigiosos, medicina milagrosa. Santidade, doação. Renovação, nascimento, retorno de assuntos do passado ou sua atualização. Recados, propaganda, proselitismo, apostolado. Estar sujeito à avaliação de outros, ser julgado por suas ações.
Mental: O homem convocado a um estado superior; tendências e desejos de elevação.

Emocional: Devoção, exame de consciência.

Físico: Estabilidade nos assuntos que estão encaminhados. Saúde e equilíbrio.

Sentido negativo: Erro em relação a si mesmo e a todas as coisas; provas e trabalhos que resultarão de um juízo falso. Vacilação espiritual, ofuscamento da inteligência. Bobo evocador de fantasmas. Ruído, alvoroço, agitação inútil.

História e iconografia

As gravuras cristãs, em geral, mostram duas idéias diferentes de ressurreição. A primeira é a dos Evangelhos e se refere aos fenômenos produzidos no momento da morte de Jesus:

“Abriram-se os sepulcros e muitos corpos de Santosue dormiam, ressuscitaram, e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mateus, 28, 52-53).

Um exemplo desta versão pode ser visto numa miniatura do século XII. “A terra recebeu ordem de devolver os seus mortos”, diz a legenda que a acompanha. A ilustração, ao lado, oferece idéia similar.

A segunda, mais amplamente difundida, é a do Juízo Final. Sobre ela escreveram Mateus (25, 31-46) e, com maior detalhe, João (Apocalipse, 20, 12).

Os artistas que se inspiraram nesta última versão se viram obrigados a selecionar, cada um à sua maneira, dentre a profusão de símbolos e alegorias verbais evocados por João para narrar esta cena.



As primeiras representações do Juízo Final remontam ao ano mil, aproximadamente, mas alcançaram a perfeição nos séculos XII e XIII, nas catedrais. Conhece-se apenas um exemplo anterior a estas datas: trata-se de um baixo-relevo em marfim (Tours, c. 800).

Em todas essas imagens, os mortos surgem inteiramente nus dos seus túmulos, o que seguramente foi tomado de fontes tradicionais (o Livro de Jó; a carta de São Columban a Hunaldus – ano 615; o opúsculo Desprezo do Mundo, de Inocêncio III – cerca de 1200).

Uma tradição popular, surgida nesta mesma época, acredita que os mortos surgiriam de seus túmulos como esqueletos, mas que se revestiriam então da carne e da pele perdidas assim que tomassem contato com a luz.

A presença dos ressuscitados, bem como o anjo com a trombeta que parece convocá-los, remetem claramente o arcano XX do Tarô a essas imagens do Juízo Final; até a bandeirola da trombeta, que reproduz uma cruz-de-malta, é freqüente nos modelos em que a carta provavelmente se inspirou.

Num sentido geral, o simbolismo do Arcano XX refere-se à morte da alma, ao esquecimento da sua finalidade transcendente, no qual o homem pode cair: o sarcófago ou túmulo representaria as fraquezas e apetites carnais, e o anjo com a trombeta faz a convocação do espírito: a oportunidade pela qual desperta o anseio latente de ressurreição que se supõe adormecido em todo ser humano.

Para Oswald Wirth, o trio de ressuscitados representa a família essencial (Pai-Mãe-Filho) no momento de sua regeneração, e o último dos seus termos (o Filho) representa uma nova metamorfose do protagonista do caminho iniciático.

Quando se admite que o tarot constitui uma alegoria da Iniciação, é possível reconhecer o Prestidigitador-Enamorado-Carro-Enforcado no homem nu do túmulo, “pronto para receber o Magistério”.

Variações

Alguns Tarots relacionam o Julgamento à letra Resh.

tcom



Having come so far, is all that awaits us a judgment, which could send us back to the beginning again? The Judgment shows an angelic figure sounding a trumpet, and a grave apparently opening to release the dead. Is this card a representation of the Last Trump, when the human race itself is to be called to account? Or is it a symbol of resurrection, with everyone saved? If so, how does it relate to the cards that have gone before? Does it suggest that the attainment of enlightenment by one individual saves the whole race, just as Christians believe that Christ died to atone for our sins? It is this last explanation that carries most symbolic force, and fits best with the teachings of many of the great spiritual traditions and with the other cards of the Tarot. The angelic figure thus represents the next stage in the spiritual journey. Having reached enlightenment, our need now is to turn back and rouse our fellows. This is the task of the bodhisattva in Buddhism, who having reached Nirvana, refuses to enter until the whole of the human race can enter as well.

Divinatory meaning: return to health, justified pride in achievement, a new lease of life. Reversed: punishment for failure, regret for lost opportunities.

moore

é o caminho do Ajuste, do Julgamento; O universo, dizia Crowley, não é justo, mas é precisamente ajustado e balanceado. Aqui os Elefantes são sagrados.
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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