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Teseu
index do verbete
(Theseus and the Minotaur, Detail of an Attic black-figure neck-amphora by the Castellani Painter, ca. 575 BC–550 BC)
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Teseu (gr. Θησεύς), filho de Egeu e de Etra, segundo a tradição, foi o décimo rei de Atenas; descendia, portanto, de Hefesto e, de certa forma, de Atena. Grande amigo de Héracles, embora mais jovem, também realizou grandes façanhas e livrou o mundo de bandidos e monstros.
Suas aventuras situam-se no fim da Idade Heróica, algumas décadas antes da guerra de Tróia, da qual seus filhos Demofonte e Ácamas teriam participado. Ressalte-se, no entanto, que os relatos da presença deles em Tróia provêm de autores tardios (v.g. Il. Pers. Arg. 4 West, Apollod. Ep. 5.22) e não é mencionada na Ilíada.
minotauromaquia
A mais conhecida das aventuras de Teseu e, aparentemente, a mais antiga, é a derrota do feroz Minotauro, monstro carnívoro meio-homem e meio-touro, que se escondia no labirinto de Creta. Lendas anteriores, relacionadas com essa façanha, foram reunidas aqui aqui para tornar a sequência do relato mais coerente.
Fontes
Pseudo-Apolodoro e Plutarco.
Iconografia e culto
Até -520, nos vasos de figuras negras, cenas da aventura em Creta; um pouco mais tarde, as demais façanhas começam a ser representadas em vasos e esculturas.
Minos (gr. Μίνως ), filho de Zeus e Europa, reinava na ilha de Creta graças a Posídon, que fizera sair do mar um touro belíssimo, prova inconteste do favor divino. Minos prometera sacrificá-lo a Posídon, mas ficou tão encantado com o animal que decidiu conservá-lo em seu rebanho. O deus, furioso com a desfeita, vingou-se enlouquecendo o touro e fazendo-o fugir, causando grandes estragos em toda a ilha.
Além disso, Posídon inspirou em Pasífae (gr. Πασιφάε), esposa de Minos, uma avassaladora paixão pelo animal. Pasífae era filha de Hélio e, segundo outra versão, essa paixão monstruosa foi uma vingança de Afrodite contra o deus-sol, que expusera os amores dela com Ares. Transtornada de desejo, Pasífae convenceu o engenhoso Dédalo, ateniense exilado em Creta, a construir uma vaca oca de madeira, dentro da qual a rainha se escondeu. O modelo era tão perfeito e tão belo, que enganou o touro, e assim Pasífae conseguiu unir-se a ele.
Algum tempo depois, o touro foi finalmente dominado por Héracles e retirado da ilha. Logo Pasífae deu à luz uma criança com corpo de homem e cabeça de touro, o Minotauro (gr. Μινώταυρος, lit. "touro de Minos"), de extrema ferocidade e que se alimentava de carne humana. Minos, aterrado e envergonhado, mandou construir um intrincado labirinto, do qual ninguém conseguia sair, e prendeu o Minotauro dentro dele.
Minos e Atenas
Androgeu, um dos filhos de Minos e Pasífae, era um atleta notável e, quando Egeu reinava em Atenas, venceu todas as modalidades de um concurso atlético promovido pelos atenienses. Foi morto traiçoeiramente, pouco depois, pelos invejosos rivais ou, segundo outra versão, morreu tentando vencer o touro que assolava Maratona, em resposta a um desafio de Egeu.
De qualquer forma, Minos declarou guerra a Atenas, venceu e fixou o seguinte tributo: a cada três anos (ou todos os anos, ou ainda a cada nove anos), os atenienses teriam que mandar a Creta sete rapazes e sete moças, que seriam oferecidos ao Minotauro. Se o Minotauro morresse, o tributo cessaria.
Essa lenda reflete, provavelmente, a antiga tradição de que os minóicos teriam dominado as cidades da Grécia Continental durante algum tempo.
Egeu (gr. Αἰγεύς), filho de Pandíon, reinava em Atenas e não tinha descendentes, apesar das tentativas de praxe. Tinha no entanto numerosos sobrinhos, os palântidas (filhos de um irmão chamado Palas), que esperavam pacientemente sua morte para dividir a Ática entre si.
Etra e Egeu
O rei decidiu fazer uma consulta ao oráculo de Delfos, que o aconselhou "a não abrir o odre de vinho antes de chegar a Atenas". Na volta dessa viagem parou em Trezena, onde reinava Piteu, filho de Pélops e Hipodâmia, dotado de poderes divinatórios.
Egeu confessou ao amigo que não entendera nada, mas Piteu entendeu tudo. Ele tinha uma bela filha, Etra e, depois de embebedar Egeu com vinho, fez a moça se unir a ele. Em algumas versões da lenda, o deus Posídon, apaixonado por Etra, também se unira a ela um pouco antes, nessa mesma noite.
Etra engravidou. Antes de conhecer o filho, porém, Egeu teve de voltar a Atenas, pois a situação estava um pouco instável devido à ambição dos sobrinhos, os palântidas. Por esse motivo, inclusive, o rei pediu a Etra que, se desse à luz um menino, só revelasse ao filho quem era seu pai quando ele tivesse forças para pegar a espada e as sandálias que ele escondera sob uma enorme pedra. Depois disso devia ir em segredo até Atenas, pois seus ambiciosos primos eram capazes de matá-lo.
As primeiras façanhas de Teseu
Etra deu à luz um menino, que cresceu firme e forte como um herói. Aos dezesseis anos, seu vigor físico era tão impressionante que Etra decidiu contar-lhe quem era o pai e o que se esperava dele. Teseu ergueu então a enorme pedra, antes movida por Egeu, recuperou a espada e as sandálias do pai, e dirigiu-se para Atenas.
A mãe e o avô, Piteu, recomendaram-lhe que seguisse o caminho junto ao mar, pois o interior da Ática, na época, era cheio de perigos. Como todo adolescente que se preza, Teseu agradeceu o conselho, comovido, fez o solene juramento de cumprí-lo, tomou o caminho mais perigoso sem vacilar um minuto e foi em frente.
O jovem herói não teve nenhuma dificuldade em vencer os malfeitores e monstros que ia encontrando: o bandido Perifetes, que atacava os viajantes com uma clava de bronze (em Epidauro); Sínis, que amarrava suas vítimas entre dois pinheiros vergados e depois cortava a corda que prendia as árvores (perto de Cencreis); a feroz porca de Crômion, que já havia matado muitos homens; Círon, que obrigava os viajantes a lavarem seus pés no alto de um rochedo e depois chutava-os lá de cima (na Rochas Cirônicas); Cércion, que obrigava os viajantes a lutarem com ele e depois os matava (Elêusis); e Procrusto, que "ajustava" os viajantes ao tamanho de um determinado leito, esticando-os, se eram muito baixos, ou cortando-lhes os pés, se eram altos demais (na estrada entre Mégara e Atenas).
O jovem Teseu em Atenas
Egeu, já idoso, estava casado com a feiticeira Medéia, que tentava, sem sucesso, acabar com a esterilidade do rei — além dos métodos tradicionais, ela também recorria a poções e encantamentos. A princípio, Teseu não mostrou os objetos que trouxera e, é claro, não foi reconhecido pelo pai. Medéia, no entanto, percebeu imediatamente quem era o jovem e fez planos para se livrar dele.
A feiticeira havia notado que o rei sentira um certo temor diante do poderoso visitante; segredou então a ele que o jovem era perigoso e aconselhou-o a pedir-lhe que livrasse a Ática de um touro furioso que devastava a planície de Maratona. Dizia-se que esse era o gigantesco touro que Héracles havia trazido de Creta e soltado perto de Micenas, por ordem do rei Euristeu. Teseu enfrentou o touro, capturou-o sem grandes dificuldades e ofereceu-o, em sacrifício, a Apolo.
Medéia fez então com que o rei convidasse Teseu para jantar, para que ela pudesse envenená-lo discretamente. Mas Teseu compareceu ao jantar com a espada do pai à cinta, e Egeu reconheceu sua espada. Rapidamente, derramou a taça de veneno e disse a todos os presentes que Teseu era seu filho e herdeiro. Medéia foi repudiada e banida para a Ásia.
Teseu teve ainda de lutar contra os primos, os numerosos palântidas, que pretendendiam herdar o trono de Egeu. Depois de vencê-los, foi reconhecido por todos como o único e legítimo herdeiro do trono.
Teseu já estava estabelecido em Atenas, como herdeiro de Egeu, quando chegou a época da terceira remessa de jovens para o Minotauro de Creta.
Ao saber do que se tratava, Teseu fez questão de ser um dos jovens enviados a Creta, pois queria vencer o monstro e livrar a cidade. Egeu concordou, a contragosto, e combinou um sinal com o filho: se tudo corresse bem, o navio retornaria com velas brancas; caso contrário, com velas negras.
Quando os rapazes e moças desembarcaram em Creta, Ariadne, filha de Minos e Pasífae, apaixonou-se por Teseu e resolveu ajudá-lo: deu-lhe um rolo de fio para marcar o trajeto dentro do labirinto e, assim, sair sem problemas. Teseu enfrentou então o Minotauro, venceu-o e, após sabotar os navios cretenses para evitar qualquer perseguição, voltou a Atenas com os companheiros e Ariadne.
No retorno, porém, Teseu não foi tão feliz. Durante uma parada na ilha de Naxos, Ariadne desapareceu ou, segundo outra versão, foi abandonada por Teseu; logo depois, o deus Dioniso recolheu-a e fez dela sua esposa.
O herói esqueceu-se, também, do que combinara com o pai, e não colocou velas brancas no navio. Em Atenas, Egeu aguardava o retorno de Teseu; vendo que o navio se aproximava com velas negras, pensou que havia perdido o único filho e lançou-se ao mar, do alto da acrópole. É em sua homenagem que o Mar Egeu tem esse nome.
Após a morte de Egeu, Teseu tornou-se rei de Atenas. Eis, por enquanto, uma lista de suas aventuras como rei:
a guerra contra as Amazonas
o rapto de Helena
a descida ao Hades
a morte de Hipólito e Fedra
Isso, sem contar as realizações políticas atribuídas a ele pela tradição, como o sinecismo, a união das aldeias da Ática em uma pólis, Atenas, que se tornou a mais importante da Ática.
f.: Portal grécia antiga
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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