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Semente
Van Gogh. Semeador no por-do-sol. 1888. Clique no link para ver a imagem em tamanho maior:rel://files/sower-with-setting-sun-1888-3.jpg!HalfHD.jpg
Created sábado 21 agosto 2010
campbell
Quando passaram da caça ao plantio, as histórias mudaram. A semente se tornou símbolo mágico do ciclo infinito. A planta morria, era enterrada e sua semente renascia. A semente foi incorporada como símbolo pelas religiões: a vida provém da Morte e a bem-aventurança do Sacrifício. (f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990.]
Serpente, semente, lua:
A Serpente como animal lunar ocorre na mesma proporção da relação Lua-Semente, ou, em outras palavras, do simbolismo agro-lunar e “astrobiológico” (DURAND, 2002, p. 282- 328). Guarda-se analogia com a semente, contraída em si mesma na latência da planta em sua plenitude. A semente, essa condição de gérmen, em outras palavras, aquilo que irá germinar a partir da terra. A semente, encravada, enroscada no seio da Terra, pronta para brotar, tal qual serpente ondulante, não raro igualmente enroscada em sua toca na caverna (o Dragão) ou num buraco sob a terra. A serpente/semente representa esse fluxo e refluxo vital cujo signo do enroscamento e da contração/encolhimento guarda isomorfismo com diversas representações sobre aquilo que possui potencial para o crescimento e ascensão (o [Feto], a semente e a planta, por exemplo).
Durand, a serpente é um animal lunar pelos seguintes motivos: A serpente é o triplo símbolo da transformação temporal, da fecundidade e. por fim, da perenidade ancestral. (...) O simbolismo da transformação temporal é ele próprio sobredeterminado no réptil. Este último é ao mesmo tempo animal de muda, que muda de Pele permanecendo ele mesmo, e liga-se por isso aos diferentes símbolos teriomórficos do bestiário lunar, mas é igualmente para a consciência mítica o grande símbolo do ciclo temporal, o Ouroboros. A serpente é, para a maior parte das culturas, a duplicação animal da lua, porque desaparece e reaparece ao mesmo ritmo que o astro e teria tantos anéis quantos dias tem a lunação. Por outro lado, a serpente é um animal que desaparece com facilidade nas fendas do solo, que desce aos infernos /Katabasis/, e pela muda regenera-se a si mesmo. Bachelard liga esta faculdade de regenerescência do "animal metamorfose”, esta faculdade tão notável de “arranjar uma Pele nova", ao esquema do Ouroboros, da serpente enrolada comendo-se indefinidamente a si própria: "A que morde a cauda não é um simples Anel de carne, é dialética material da vida e da Morte, a morte que sai da vida e a vida que sai da morte (...) Com isso o psicólogo moderno vai ao encontro do pensamento chinês tradicional, para o qual o Dragão e a Serpente são os símbolos do fluxo e refluxo da vida. (Durand, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 316-317)
~C010i
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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