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Serpente
index do verbete
C010i
A serpente Kéti no mundo inferior, consumindo com fogo um inimigo de Osíris.
Durand, a serpente é um animal lunar pelos seguintes motivos: A serpente é o triplo símbolo da transformação temporal, da fecundidade e. por fim, da perenidade ancestral. (...) O simbolismo da transformação temporal é ele próprio sobredeterminado no réptil. Este último é ao mesmo tempo animal de muda, que muda de pele permanecendo ele mesmo, e liga-se por isso aos diferentes símbolos teriomórficos do bestiário lunar, mas é igualmente para a consciência mítica o grande símbolo do ciclo temporal, o Ouroboros. A serpente é, para a maior parte das culturas, a duplicação animal da lua, porque desaparece e reaparece ao mesmo ritmo que o astro e teria tantos anéis quantos dias tem a lunação. Por outro lado, a serpente é um animal que desaparece com facilidade nas fendas do solo, que desce aos infernos /Katabasis/, e pela muda regenera-se a si mesmo. Bachelard liga esta faculdade de regenerescência do "animal metamorfose”, esta faculdade tão notável de “arranjar uma Pele nova", ao esquema do ouroboros, da serpente enrolada comendo-se indefinidamente a si própria: "A que morde a cauda não é um simples Anel de carne, é dialética material da vida e da morte, a Morte que sai da vida e a vida que sai da morte (...) Com isso o psicólogo moderno vai ao encontro do pensamento chinês tradicional, para o qual o dragão e a serpente são os símbolos do fluxo e refluxo da vida. (Durand, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 316-317)
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vários
Created sábado 21 agosto 2010
Na bíblia a serpente é o mal, porque isso representa tradição bíblica de rejeitar a vida: a vida é corrupta e todo impulso natural é pecaminoso. A identificação da vida (serpente, mulher) com o pecado é um desvio imposto pela bíblia à história da criação (f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990, p.49).
O poder da vida leva a serpente a se desfazer de sua pele para renascer, como a Lua se desfaz da sua Sombra para renascer. São símbolos equivalentes. Às vezes a serpente é representada como um Círculo, comendo a própria cauda. É uma imagem da vida, que se desfaz de uma geração após outra, para renascer. A serpente representa a energia e a consciência imortais, engajadas na esfera do Tempo, constantemente atirando fora a morte e renascendo. Existe algo horrível na vida, vista desse modo. A serpente carrega em si o sentido da fascinação e do terror da vida (f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990, p.49).
A serpente flui como Água e por isso é aquática, mas sua língua dispara Fogo, por isso ela reúne um par de opostos (f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990, p.49).
Outros símbolos transcendentes: lagarto, serpente, peixe, pato selvagem, cisne. Modernamente também aviões e foguetes.
O símbolo mais comum é a serpente de Esculápio, a cobra não venenosa que vivia em árvores, uma espécie de mediação entre céu e terra ou 2 serpentes entrelaçadas (Jung, C. G. et allii (2000). O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro : Ed. Nova Fronteira).
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Simboliza uma força inconsciente da natureza que não é boa nem má, seu estado ainda é indiferenciado e corresponde a base do instinto e da impulsividade natural. Pode ser considerada como um símbolo do Falo e possui conotações sexuais simbolizando a existência de conflitos eróticos quando a imagem aparece em sonhos. A cobra frequentemente aparece na mitologia, no simbolismo da religião ou em cultos e ritos, onde podemos encontrar imagens da serpente do paraíso, a Mitgard germânica, da cobra da época de [Moisés] e das cabeças de serpentes das Górgonas malignas. Essa imagem está associada ainda a Grande-Mãe /v. Deusas mães/ que geralmente é retratada como sendo uma mulher forte, de seios nus e com os braços estirados para fora, segurando uma cobra em cada mão.
(f.: Eliade, M. (2007). Dicionário de Símbolos. Trad. Márcia Naida. Disponível em l.ext.. Acessado em 17 maio 2013.)
lpd
Símbolo universal da energia ou força. Poucos animais desfrutam de uma simbologia tão rica e extensa como a serpente. Praticamente todas as características desse réptil representam algo, tanto no sentido esotérico como no mítico e no psicológico. Seu movimento sinuoso, o fato de trocar de Pele todos os anos, a sua língua ameaçadora, sua capacidade de hipnotizar pequenos animais e em seguida matá-los envolvendo-os com seu corpo, seu veneno mortal, sua capacidade de sobreviver em florestas, desertos, praias e montanhas, e tanto na terra como na água, fazem da serpente um manancial inesgotável de símbolos multivalentes. Na Índia, os cultos da serpente ou cultos do “espírito da serpente” conectam-se com o simbolismo das “Ondas da vida”. Esse réptil é visto como guardião das fontes de vida e da imortalidade, e dos tesouros espirituais. Quanto ao Ocidente, explica Alice Bailey que a serpente, devido a seus movimentos sinuosos, é símbolo da “sabedoria das profundezas” – ou seja, em linguagem psicológica, dos conteúdos do Inconsciente. Certos esoteristas afirmam que o próprio Jesus Cristo reconheceu tal conotação simbólica desse réptil, quando disse: “Sede sagazes como a serpente”. (f.: Pellegrini, L. (1995). Dicionário de Símbolos Esotéricos. São Paulo: Editora Três.)
Serpente, semente, lua:
A Serpente como animal lunar ocorre na mesma proporção da relação Lua-Semente, ou, em outras palavras, do simbolismo agro-lunar e “astrobiológico” (DURAND, 2002, p. 282- 328). Guarda-se analogia com a semente, contraída em si mesma na latência da planta em sua plenitude. A semente, essa condição de gérmen, em outras palavras, aquilo que irá germinar a partir da terra. A semente, encravada, enroscada no seio da Terra, pronta para brotar, tal qual serpente ondulante, não raro igualmente enroscada em sua toca na caverna (o Dragão) ou num buraco sob a terra. A serpente/semente representa esse fluxo e refluxo vital cujo signo do enroscamento e da contração/encolhimento guarda isomorfismo com diversas representações sobre aquilo que possui potencial para o crescimento e Ascensão (o [Feto], a Semente e a [Planta], por exemplo).
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Costumam simbolizar o sistema nervoso autônomo, a energia instintiva e são símbolos transcendentes de profundidade que costumam também estar associados à sabedoria, à cura e ao Autoconhecimento. O mito da tentação da serpente no jardim do Éden /v. Queda/, refere-se a necessidade de autorealização do homem, o princípio da Individuação, e é comum que seja apresentada por alguns como a representação simbólica do princípio sedutor da Mulher. A serpente pertence ao reino da Mãe e ela pode ser uma representação simbólica em sonhos, do medo do incesto como regressão e a imagem em que o ego onírico é envolvido por uma delas é um símbolo de penetração no ventre materno /v. Útero/, e que corresponde a mesma simbologia da imagem de devorar uma serpente. Na Antiguidade, era considerada como sendo o símbolo da Terra, que sempre foi concebida como feminina. Quando o ego onírico é mordido por uma delas, seu simbolismo é o mesmo de sucumbir a sua tentação, o que nos diz que o ego vígil vai viver uma transição de considerável importância. A picada se refere a exigência do inconsciente do ego vígil que à princípio age de forma paralisante sobre a sua energia e sua iniciativa. Os sonhos frequentes com essa imagem, podem estar apontando para uma dissociação por parte do ego vígil entre a sua vida consciente e a instintiva. Elas podem ser vistas também como uma representação do Falo mas só poderá ser interpretada como falo, se a encararmos como o simbolismo gerador e criativo da libido. Para os gnósticos, é um símbolo do tronco e da medula cerebral. (f.: Eliade, M. (2007). Dicionário de Símbolos. Trad. Márcia Naida. Disponível em l.ext.. Acessado em 17 maio 2013.)
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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