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Queda


index do verbete
Odilon Redon. Anjo caído olhando a nuvem. Clique no link para ver a imagem em tamanho maior:rel://files/fallen-angel-looking-at-at-cloud.jpg!Large.jpg

foster

A perda da inocência (a Queda, a expulsão do paraíso).(f.: Foster, T. C. (2010). Para ler literatura como um professor. São Paulo : Lua de Papel, 271 pp., trad. Frederico Dentello.]

Toda história sobre a perda da inocência é uma versão da queda para longe da graça, da expulsão do paraíso. São histórias muito definitivas, porque você nunca pode retornar. (f.: Foster, T. C. (2010). Para ler literatura como um professor. São Paulo : Lua de Papel, 271 pp., trad. Frederico Dentello.)

campbell

A Queda: a mente humana se dissociou de deus. Se você rejeita a idéia de queda do paraíso, o homem não está separado de sua fonte: não há revela-ção especial, nem ela é necessária, porque a mente do homem, livre de suas falibilidades, é capaz de compreender deus. (p.26] (vide § 122 abaixo]
Para a mitologia bíblica deus está separado da natureza, e a condena: estamos destinados a ser os senhores do mundo (p.32]. Os primeiros reis hebreus faziam sacrifícios no topo das montanhas (na natureza), mas o culto a jeová surgiu como movimento específico, de um deus da periferia do templo contra o culto da natureza, e prevaleceu (p.22]. As tradições judaicas, cristãs e islâmicas menosprezam as religiões da natureza: você se identifica com o bem e luta contra o mal (p.58]. A religião deveria ser um segundo úte-ro, e seu desígnio trazer o humano à maturidade, automotivado, auto-conduzido. Mas a idéia do pecado o coloca numa posição permanente-mente servil. ‘Se você pensa apenas em seus pecados, então você é um pecador’ (Ramakrishna). ‘Deus contra homem. Homem contra deus. Homem contra natureza. Natureza contra homem. Natureza contra deus. Deus contra natureza — que religião estranha’ (p.58].

O deus masculino, pai, geralmente está em alguma parte. Nas religiões em que o deus é a mãe, o mundo inteiro é o corpo dela, e fora daí não há nada (p.52] (vide § 66 abaixo].

(f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990.]

Os corpos caem 32 pés por segundo, 32 é o número da queda. (cpm]

A queda e o paraíso.

Há um motivo mitológico básico de que na origem tudo era um, e então houve a separação — céu e terra, macho e fêmea, etc.. A doutrina da queda diz que a separação foi culpa de alguém, e deus, furioso, se afastou, de modo que temos de encontrar um meio de restabelecer contato com ele (vide § 31 acima].

A idéia do sobrenatural como algo além e acima do natural é uma idéia mortífera, que transformou o mundo, na idade média, numa terra devastada, onde as pessoas perseguiam propósitos que não eram os delas, mas os impostos por leis inescapáveis dos clérigos. Mas o espírito é realmente o buquê da vida, não é algo soprado para dentro da vida, provém da vida. Este é um dos aspectos gloriosos das religiões orientadas para a deusa-mãe, em que o mundo é o corpo da deusa, divino em si mesmo, e a divindade não é algo que se coloque acima da natureza decaída. Mas o mito cristão da Queda do Éden torna a natureza corrompida e, assim, corrompe o mundo inteiro, tornando todo ato espontâneo e natural em pecaminoso (p.105]. Ver meu comentário (§ a abaixo].

Vide também o divino pimandro em k996m § 2.

Referente a § 122, natureza corrompida.



Logo, se a natureza é corrompida, todo ato natural é corrupto. E o homem, que nasce de um ato natural corrupto, nasce corrompido, decaído. Precisa ser absolvido pelo batismo, para curar-se da sua natural e congênita corrupção. Assim como o ato sexual que gera a vida tem de ser previamente autorizado pela igreja, para livrá-lo do seu caráter corrupto. Os sacramentos, assim, seriam rituais de purificação de atos naturais e naturalmente corruptos.

(mc]

Referente a § 122 acima (queda e paraíso).

Vide estes excertos:

‘As emoções primitivas são o medo, a cólera e o amor, ligadas, respectivamente, à tendência defensiva, à tendência ofensivo-agressiva (ambas decorrem do instinto de conservação individual) e à tendência reprodutora (ligada ao instinto de conservação da espécie)’ (ficha de leitura de Mira y Lopez, Psicologia Jurídica, Index indivíduo 317 ~fl 1 § 57].

‘Id. Prazer. Gozo irracional. Fundamentalmente irracional e inconsciente. Forças provenientes do fundo orgânico-ancestral. Orientadas no sentido hedonístico. Representadas por dois grupos de instintos: a) tânato-destruidores, sado-masoquistas ou de morte, e b) criadores, vitais, expansivos e libidinosos’ (Index indivíduo 317 ~fl 1 § 18].

Os querubins que nos mantém fora do paraíso são as tendências instintivas mais naturais e elementares, o id, medo e desejo, eros e tânatos.

Eliade

n. ed., v. Eliade, Mito e realidade

78 os deuses caem do céu quando a Memória lhes falta ou se confunde: caem e se tornam homens; os deuses que não esquecem são eternos, imutáveis /v. Queda/. /105


1001

A religião grega é parte da herança indo-europeia (hitita) dos gregos; os deuses gregos são ecos de mitologias mais antigas, mesopotâmicas. A guerra entre olímpicos e titânicos, por exemplo, baseia-se num antigo mito mesopotâmico que fala de uma guerra entre anjos e demônios (1001:125).

"anjos abandonaram sua própria morada" Judas 1:6); o "grande dragão e seus anjos" foram expulsos do paraíso (Apocalipse 2:7-9). (1001:112).
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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