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Herói
index do verbete
O domador de monstros (Suméria). (f.: Campbell, J. (1949). O herói de mil faces. Trad. Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Cultrix/ Pensamento, 1990 (ed. original 1949)).
Jung
Para =J o herói é o homem primitivo que luta para alcançar a consciência (> Autoconhecimento), contra dragões (v. Dragão) que representam o desejo regressivo da volta ao estado de bem-aventurança da infância, o mundo dominado pela mãe.
13 O herói tem de entrar em acordo com o poder destrutivo da Sombra e dela extrair forças para vencer o Dragão. O ego tem de subjugar/assimilar a sombra antes de triunfar.
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A sombra projetada pela mente consciente do indivíduo contém os aspectos ocultos, reprimidos e desfavoráveis (ou nefandos) da sua personalidade. Não é só o inverso do ego consciente, assim como o ego, a sombra tem boas e más características. Ego e sombra são indissoluvelmente ligados (como os Twins) mas conflitam na batalha pela libertação.
O herói (o homem primitivo) luta para alcançar a consciência, contra dragões que representam o desejo regressivo da volta ao estado de bem-aventurança da infância, o mundo dominado pela mãe.
O herói tem de entrar em acordo com o poder destrutivo da sombra e dela extrair forças para vencer o dragão. O ego tem de subjugar/assimilar a sombra antes de triunfar.
(f.: Jung, C. G. et allii (2000). O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro : Ed. Nova Fronteira.)
Campbell
O rei Ten (Egito, primeira dinastia, c. 3200 a.C.) esmaga a cabeça de um prisioneiro de guerra. f.: Campbell, J. (1949). O herói de mil faces. Trad. Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Cultrix/ Pensamento, 1990 (ed. original 1949).
‘Pela superação das paixões tenebrosas, o herói simboliza nossa capacidade de controlar o selvagem irracional dentro de nós’ - p. ix].
A proeza do herói pode ser de dois tipos. Física, prática de um ato de coragem, ou salvação de uma vida. Ou espiritual: aprender a lidar com o nível superior de vida espiritual, retornando com uma mensagem - p. 131].
A façanha circular (partida-retorno. Périplo: Viagem de circunavegação em torno de um país, de um continente. Houaiss) começa com alguém a quem algo foi usurpado, ou que sente estar faltando algo. Essa pessoa parte, se envolve em aventuras que ultrapassam o usual (caminha para o mais profundo, ou mais alto, ou mais distante), passa pela descida às trevas (o ventre da Baleia) e ou recupera o que fora perdido, ou retorna com um elixir doador de vida (passando antes pelo impasse de voltar ou permanecer ali). O motivo básico é o abandono de certa condição e o encontro de uma fonte de vida que conduz a outra condição, mais rica e madura.
A consciência se transforma por dois caminhos só, o da provação e o da revelação iluminada - p. 134].
O herói lendário é normalmente o fundador de algo, uma nova era, uma religião, uma cidade, um modo de vida: para fundar o novo ele deve abandonar o velho e partir em busca da idéia-semente que pode fazer aflorar o novo.
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Dom Quixote
A história se passa numa época em que surge uma interpretação mecanicista do mundo, de forma que o meio não fornece mais respostas espirituais ao herói. Ele busca gigantes, encontra moinhos de vento. Mas ele preservou a aventura para si mesmo, ao criar, de forma poética, um mundo imaginário. O mundo se tornou mecanicista, interpretado pelas ciências físicas, pela sociologia marxista e pela psicologia, e não passamos de um padrão previsível de esquemas que reagem a estímulos. O Livre-arbítrio foi banido da vida moderna.
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O mito do herói é o mais comum e conhecido. Caracteres: a) nascimento humilde mas milagroso; b) provas precoces de força; c) ascensão rápida ao poder; d) luta triunfante contra forças do mal; e) falibilidade ente o orgulho (hybris); f) declínio, por traição ou ato de sacrifício onde morre; g) figuras tutelares (guardiões).
Figuras tutelares: Teseu e Poseidon; Perseu e Atenéia; Aquiles e o centauro Quíron; Rei Artur e o mago Merlin.
Os guardiões são representações simbólicas do psíquico total que supre o ego da força que lhe falta.
Atribuição essencial do mito heróico é desenvolver no indivíduo a consciência do ego, o conhecimento de suas próprias forças e fraquezas. Aproximar-se da fonte interior de energia que o arquétipo do herói representa; desenvolver a anima; através do ato heróico libertar-se da mãe.
Quando o indivíduo entra na maturidade o mito do herói perde relevância. A morte do herói assinala a conquista da maturidade.
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A morte do herói é a cura necessária para a Hybris, o orgulho cego.
(f.: Campbell, Joseph & Moyers, Bill. O poder do mito. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990)..
feijó
56 Na nossa cultura a Iniciação se dá por transferência de emoções, através da literatura. O teatro nasceu no momento em que esses ritos deixaram de ser espontâneos e passaram a ser encenados, apresentados a um público passivo, que se envolve na cena de outra forma: pelo envolvimento emocional Catarse, pela identificação profunda com o destino do Herói.
57 Herói, categoria estética, o poeta a partir dele busca a compreensão da essência humana. (pág.52) [...]
58 Herói mitológico, herói épico, herói trágico, herói literário.
59 Herói mitológico (no qual somente as façanhas e os super poderes é que contam). No Mito, o que prevalece é o destino, do qual nenhum homem escapa.
60 Herói épico (que já apresenta características humanas). A qualidade principal do herói épico era areté (virtude): aquele que se mantém fiel a si mesmo. (pág.56) [...]
61 Herói trágico: humanizado. Em vez do encontro com o destino, a narrativa é da descoberta por Édipo de sua verdadeira identidade: Cego e sem poder. Na tragédia, o que se destaca é a luta do herói contra o destino. O herói trágico é derrotado diante da força do destino, mas o que humaniza, é exatamente a sua luta contra isso. O herói trágico não se conforma com o seu destino. Esta é a sua essência.
Herói literário. O destino do herói é a sua iniciação: a descoberta de si mesmo. O herói continua visitando os infernos, mas principalmente passeia sobre sua própria alma. O herói definitivamente humano: a personagem, que é o próprio autor (Dante Alighieri).
Inferno. G. Doré. Clique no link para ver a imagem em tamanho maior:rel://files/_YHH6F7URFEL5HIAN4ZSM.jpg
62 Herói moderno. Lobato: herói tradicional é Hércules, só bate; herói moderno é Dom Quixote, só apanha. Ortega y Gasset: o herói moderno quer ser ele mesmo, ou tem vontade de ser aquilo que na verdade não é. Não realiza façanhas, mas quer realizá-las e não consegue. Lukács; o herói tem caráter “problemático.”
63 Tempestade e ímpeto, [Werther] de Goethe, o herói se faz jovem. A mais trágica dor é a sua falta de coragem de declarar seu amor. No final, a “moral” vence e a saída é o suicídio.
64 O vermelho e o Negro, [Stendhal], Julien Sorel, a perspectiva da carreira é mais forte e ele abandona a amante. A juventude se identifica: a conquista de um espaço numa sociedade corrompida.
65 Século XX: o herói crítico. Sua existência foi questionada. Joyce. A Odisséia do seu dia-a-dia comum: o herói se descobre no seu cotidiano anti-heróico.
66 Brecht: não existem heróis positivos, mas seres humanos que se transformam e adquirem confiança ou se degradam e perdem a bondade, mas nunca como heróis definitivos.
(f.: Feijó, M. C. (1984). O que é herói. Rio de Janeiro : Brasiliense.)
lpd
O culto do herói floresceu na maioria das civilizações antigas motivado não apenas pelas exigências da guerra, mas também (e principalmente) pelas virtudes inerentes à figura heróica: coragem, inteligência, força, lealdade etc. O pensamento esotérico distingue, contudo, dois tipos de heróis, diretamente relacionados com os dois tipos de guerra: a “pequena guerra sangrenta” e a “grande Guerra santa”. A primeira significa os combates necessários no mundo terreno, tais como as guerras materiais contra povos inimigos; a segunda, a “verdadeira guerra”, era de natureza interna, a luta contra o caos e as tentações oferecidas pelas forças das trevas. Neste sentido, o primeiro objetivo do herói é vencer a si mesmo. Ou seja, ainda uma vez, conseguir transcender os estreitos limites da consciência comum, ordinária, para atingir os amplos domínios da consciência maior ou cósmica.
f.: Pellegrini, L. (1995). Dicionário de Símbolos Esotéricos. São Paulo: Editora Três.
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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